MILÃO/PARIS (Reuters) - A italiana Luxottica e a francesa Essilor acertaram acordo de fusão de 46 bilhões de euros que deve criar uma gigante com receita anual de mais de 15 bilhões de euros.
O acordo todo em ações marca uma das maiores alianças de empresas em dois países diferentes da Europa e une a Luxottica, maior fabricante de óculos do mundo com marcas como Ray-Ban e Oakley com a maior produtora de lentes do mundo, a Essilor.
"Finalmente... dois produtos que são naturalmente complementares - armações e lentes - serão projetados, produzidos e distribuídos sob o mesmo teto", disse o fundador da Luxottica, Leonardo Del Vecchio, de 81 anos, em comunicado.
As ações da Luxottica disparavam mais de 8 por cento às 14:33 (horário de Brasília). Já os papeis da Essilor subiam quase 12 por cento.
A fusão entre as duas maiores empresas de um mercado de 95 bilhões de dólares deve criar uma companhia capaz de aproveitar a forte demanda por óculos sob prescrição médica e óculos de sol por causa do envelhecimento da população global e aumento do interesse em cuidado com os olhos.
Analistas da Jefferies estimam que o mercado está crescendo entre 2 e 4 por cento por ano, enquanto a Luxottica e a Essilor afirmam que pelo menos 2,5 bilhões de pessoas no mundo ainda sofrem com problemas de visão sem tratamento.
O acordo também elimina, pelo menos por enquanto, incerteza sobre a sucessão na Luxottica, que perdeu três presidentes-executivos desde 2014 por causa de desentendimentos com Del Vecchio.
"O racional estratégico é forte", disseram analistas do JPMorgan Cazenove, adicionando que o acordo retira o risco de crescente competição entre os dois grupos, que nos últimos anos começaram a ingressar em áreas uns dos outros. A Essilor comprou varejistas online e a Luxottica estava investindo em produção de lentes.
As empresas afirmaram que a Ásia e América Latina são consideradas como regiões com mercados de crescimento potencial. O comércio eletrônico também será prioridade.
A EssilorLuxotica terá 140 mil funcionários e terá sede e será listada em Paris. A empresa ainda terá uma estrutura de governança complexa, com Del Vecchio e o presidente do conselho e presidente-executivo da Essilor, Hubert Sagnieres, efetivamente compartilhando o comando da companhia combinada.
(Por Valentina Za and Sudip Kar-Gupta)