O Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) apresentou prejuízo líquido de R$ 135 milhões no segundo trimestre de 2022. O resultado representou reversão ante o lucro líquido de R$ 95,5 milhões reportado no mesmo período do ano passado. No conceito ajustado, que exclui efeitos não recorrentes, o resultado foi negativo em R$ 112 milhões, frente aos R$ 89 milhões positivos de um ano atrás.
Na linha do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) o resultado foi de R$ 457 milhões, queda de 1,7% na comparação com o reportado de abril a junho de 2021. O mesmo indicador no conceito ajustado, porém, foi de R$ 492 milhões, alta de 8%.
Ao todo, a companhia vendeu R$ 13,9 bilhões no trimestre, uma variação positiva de 1,3% em relação a um ano atrás. Enquanto isso, a receita líquida foi de R$ 8,6 bilhões, com queda de 5%.
Marketplace x Loja Física
O diretor financeiro da companhia, Roberto Belíssimo, explica que o destaque do trimestre, na visão do Magazine Luiza, foi o avanço das vendas do shopping virtual, que vende produtos de lojistas terceiros. Essa frente cresceu 22% no período e contribuiu para uma participação de 72% das vendas digitais na venda total da companhia. Todos os demais canais de venda da empresa tiveram queda ou estabilidade de vendas.
As lojas físicas ficaram praticamente estáveis em relação ao segundo trimestre do ano passado, com variação negativa de 0,3%, mas se consideradas apenas as lojas que já estavam abertas há um ano, a queda nas vendas foi de 8,2%. No e-commerce de estoque próprio do Magalu também houve queda de 6,8%. No entanto, com o crescimento do marketplace (venda de lojistas virtuais), as vendas digitais consolidadas tiveram alta de 1,9%.
"O mercado encolheu e nós ficamos estáveis nas lojas físicas e crescemos do digital. Nosso crescimento de 1,9% aconteceu em um período em que o comércio eletrônico encolheu 3%, segundo dados da Neotrust ", diz Belíssimo.
Ele pontua que o avanço do marketplace faz com que as vendas de produtos fora de bens duráveis cresçam em um momento em que a de itens de maior valor agregado está mais fraca. No trimestre, as vendas de itens de novas categorias, como moda, casa e jardim, esporte, beleza e acessórios automotivos, cresceram mais que o dobro das categorias tradicionais da empresa. Moda e beleza, aliás, cresceram 88% e 75% respectivamente no Marketplace do Magalu.
O momento ruim das lojas físicas, no entanto, afeta a diluição das despesas da companhia. As despesas com vendas totalizaram R$1,6 bilhões, equivalentes a 18,3% da receita líquida, com um aumento de 0,4 ponto porcentual (p.p.) comparado ao mesmo período de 2021.
"Esse aumento está associado a menor diluição das despesas nas lojas físicas e ao crescimento do marketplace", diz o release de resultados da empresa. Belíssimo diz, contudo, que as lojas físicas têm sido uma forma importante de aquisição de novos lojistas virtuais, bem como pontos logísticos para atender a esses vendedores da plataforma, o que acaba compensando o efeito.
Margens melhores, mas ainda no prejuízo
O executivo ressalta ainda que as margens da companhia aumentaram no período. A margem bruta passou para 28,6%, com ganho de 3 pontos porcentuais (p.p.) na comparação com um ano atrás, enquanto a margem Ebitda foi de 5,3%, com avanço de 0,1 p.p. No conceito ajustado, a margem Ebitda foi de 5,7%, com avanço de 0,6 p.p. Belíssimo explica que, para a melhoria das margens, a companhia se concentrou no repasse de preços e de juros aos clientes, bem como ajuste de custos operacionais.
No entanto, o esforço não poupou a empresa de dar prejuízo líquido novamente. Na última linha, o diretor financeiro diz que pesou o cenário de juros altos, que fez com que a companhia apresentasse um resultado financeiro negativo em R$ 493,8 milhões, 115% maior do que o apresentado um ano antes.
"A rentabilidade final está atrelada à inflação e taxa de juros, mas estamos tomando medidas para melhorar essa questão", diz Belíssimo. Ele explica que a empresa tem buscado vender mais à vista ou via PIX nos canais digitais, o que reduz, por exemplo, o custo de antecipação de recebíveis.
No trimestre, a companhia teve geração de caixa operacional de R$ 1,3 bilhão, o que Belíssimo credita à evolução do capital de giro, com redução sequencial dos níveis de estoque e aumento do saldo de fornecedores.
Crédito
No negócio de fintech, o Volume Total de Pagamentos (TPV, na sigla em inglês) atingiu R$ 22 bilhões no segundo trimestre. Em cartões de crédito, o TPV foi de R$ 13 bilhões no período de abril a junho, com alta de 42%, e atingindo R$ 20 bilhões em carteira de crédito.
"Os indicadores de atraso continuam abaixo dos níveis históricos", diz a companhia em seu release de resultados. A inadimplência acima de 90 dias foi de 7,7% ao final do trimestre. "O modelo de aprovação de crédito da Luizacred (joint venture da companhia com o Itaú (BVMF:ITUB4))- historicamente conservador - e a participação das lojas físicas no processo de cobrança são fundamentais para a manutenção da inadimplência em patamares inferiores aos vistos no mercado", pontua a companhia.
A Luizacred, porém, deu prejuízo líquido de R$ 29 milhões. "São as dores do crescimento", disse Belíssimo.