Por Leonardo Benassatto e Amanda Perobelli
SÃO PAULO (Reuters) - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocuparam nesta quinta-feira a sede da bolsa de valores B3 (SA:B3SA3) para protestar contra a desigualdade social e o governo do presidente Jair Bolsonaro, cobrando ações para combater a insegurança alimentar em meio à disparada da inflação.
"É inadmissível que quase 100 milhões de brasileiros estejam em situação de fome e insegurança alimentar enquanto os bilionários movimentam 35 bilhões de reais por dia só aqui na bolsa", disse Debora Pereira, liderança do MTST, em uma nota do movimento.
"Alguém está ganhando muito dinheiro com a fome do brasileiro e isso nós não podemos aceitar", acrescentou.
Os manifestantes levaram uma bandeira do Brasil com a palavra "Fome" escrita, além de panelas vazias e pedaços de osso, em uma referência à dificuldade para se comprar alimentos devido à inflação elevada.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve a maior alta para agosto em 21 anos, levando a taxa oficial de inflação do país para quase 10% em 12 meses, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Ocupamos a bolsa de valores de São Paulo, maior símbolo da especulação e da desigualdade social. Enquanto as empresas lucram, o povo passa fome e o trabalho é cada vez mais precário. Quem segura o Bolsonaro lá são os donos do mercado", afirmou o MTST em publicação no Twitter com uma foto da invasão.
Segundo o movimento, centenas de sem-teto participaram da invasão pacífica, que ocorreu por volta das 13h e não tinha hora para ser encerrada.
Procurada, a B3 informou que o protesto ocorre de forma pacífica e que as operações do mercado não foram afetadas. O índice Ibovespa não foi afetado pela invasão e operava em alta de 1,6% por volta das 15h.
(Reportagem adicional de Aluísio Alves)