Por Gabriel Codas
Investing.com - Na noite de ontem, a Marfrig (SA:MRFG3) anunciou uma reestruturação societária, com o objetivo de simplificar as operações, cortar despesas corporativas e reduzir o ônus financeiro de sua dívida. A ideia é basicamente eliminar a estrutura de holdings da Marfrig, com cada unidade operacional agora se reportando diretamente ao conselho.
Além disso, o frigorífico informou, por meio de fato relevante, que seu Conselho de Administração aprovou programa de recompra de ações, utilizando reservas de capital e de lucro disponíveis para a aquisição, em uma única operação ou em uma série de operações, de até 5.910.145 ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal.
Desta forma, as ações da companhia operam com valorização de 5,81% a R$ 8,02.
Com isso, o CEO global, Eduardo Miron, e o CFO, Marco Antonio Spada, deixarão a empresa, com Miguel Gularte, que já é responsável por todas as operações da América do Sul, assumindo o cargo de CEO. Na América do Norte, Tim Klein permanecerá como CEO da National Beef.
A companhia destacou ainda que pretende, nos Estados Unidos, desalavancar gradualmente sua entidade holding, da qual detém uma participação de 82% na National Beef. O BTG Pactual (SA:BPAC11) acredita que, a ideia ao longo do tempo, é reduzir o custo dessa dívida, transferindo-a diretamente para a National Beef. Isso deve permitir à Marfrig reduzir sua carga financeira, já que os títulos detidos pela controladora atualmente têm uma despesa média de juros de ~ 7%, enquanto as linhas de crédito da National Beef pagam ~ 3,6%, ambos em termos de dólares.
Além disso, simplificando a estrutura de controle da National Beef, a Marfrig poderia estar abrindo caminho para uma possível listagem da divisão nos EUA. Na América do Sul, Miguel Gularte deve continuar avançando na reestruturação e otimização de ativos.
Na visão do banco, a remoção da estrutura de holding deve economizar para a Marfrig até R$ 60 milhões / ano, de acordo com alguns relatos da imprensa, do que atualmente estima ser uma despesa corporativa anual de R$ 300-350 milhões. A economia também deve compensar os desembolsos de caixa da Marfrig com o programa de recompra anunciado recentemente, com o objetivo de recomprar até 5,91 milhões de ações (R$ 44,8 milhões a preços atuais, ou 0,83% do total em circulação).
Para o BTG a reestruturação é vista como um movimento positivo da Marfrig, pois não só poderia simplificar as operações do dia-a-dia, mas também dar mais impulso para a empresa continuar avançando em seu caminho de desalavancagem, com menores despesas corporativas e financeiras.
A medida está de acordo com o anúncio do quarto trimestre de que as linhas de financiamento de capital de giro devem ser descontinuadas gradualmente. A classificação Neutra permanece, pelo menos em uma base relativa, em comparação com outros nomes de proteínas, pelo menos até termos maior visibilidade do ritmo da desalavancagem no futuro.