Por Gabriel Codas
Investing.com - As ações da Marfrig (SA:MRFG3) Global Foods operam com forte valorização na manhã desta terça-feira da B3, bem acimda da alta da volátil Ibovespa hoje. A empresa informou na noite de ontem, após fechamento do mercado, que mais do que dobrou seu resultado operacional no primeiro trimestre, avançando com vendas de carne bovina para mercados além da China, país fortemente afetado pela pandemia de coronavírus no período.
O frigorífico teve um lucro líquido de R$ 32 milhões, abaixo do consenso do mercado de R$ 410 milhões. No entanto, sustenta o forte resultado o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, que alcançou R$ 1,2 bilhão no período, um salto de 109% no comparativo anual. A margem Ebitda passou de 5,5% no primeiro trimestre de 2019 para 9,1% no intervalo de janeiro a março de 2020.
Por volta das 11h17, os ativos somavam 5,72% a R$ 13,86.
Visão dos analistas
Para a XP Investimentos, a Marfrig apresentou fortes resultados no 1T20, com o EBITDA ajustado de R$ 1,2 bilhão, 10% acima da expectativa (+109% A/A). A margem EBITDA ajustada de 9,1% ficou acima dos 8% esperados, e aumentou 358bps em relação ao 1T19, principalmente devido a: forte demanda nos EUA; preços mais altos e fortes exportações, especialmente para a China; ganhos de eficiência operacional e reduções de custo na América do Sul e depreciação cambial.
A receita líquida consolidada da Marfrig foi de R$ 13,5 bilhões, 3% abaixo da expectativa da corretora e +26,6% A/A, em função de uma receita de exportação 46,5% maior (principalmente por conta do aumento da receita de exportação da América do Sul de 64,5%), além de fortes resultados na operação norte-americana.
Os analistas atualizaram o modelo com os números do 1T20, que vieram acima do esperado, além de incorporar o novo cenário macroeconômico conforme expectativas da equipe de Economia, com um real particularmente mais fraco frente ao dólar. Dessa forma, aumentaram o preço-alvo de R$ 13/ação para R$ 18/ação e reiteram a recomendação de Compra.
Segundo as estimativas, as ações da Marfrig são negociadas a 4,4x EV / EBITDA 2020, um patamar atrativo.
Já o BTG Pactual (SA:BPAC11) os resultados do primeiro trimestre não apenas ressaltam o forte momento do setor (que deve continuar no segundo trimestre com base nos altos índices de corte de carne bovina dos EUA e um real mais fraco), mas também os esforços muito necessários da Marfrig para reduzir os encargos financeiros.
Dito isto, os analistas continuam vendo o balanço como um obstáculo a uma visão mais construtiva de longo prazo sobre o patrimônio. Embora exista claramente um lado positivo das estimativas que poderiam sugerir facilmente que a Marfrig ainda negocia perto de 5x EV/2020EBITDA, se forem consideradas margens mais normalizadas para os negócios nos EUA (dígitos médios), não apenas a avaliação se torna muito menos atraente (acima de 7x) já que o índice de endividamento líquido cresce para 5x mais.
O banco segue neutro e continua a preferindo estar no setor por meio de histórias menos alavancadas.
Balanço
O CEO da Operação América do Sul da Marfrig, Miguel Gularte, explicou à Reuters que a companhia diminuiu desde o final do ano passado a concentração das exportações de carne para a China, avançando para outros mercados, o que favoreceu os negócios do grupo.
“Assim, quando a China paralisou as compras de carnes no meio do primeiro trimestre por causa do surto de coronavírus, a Marfrig estava com um outro posicionamento”, afirmou.
Na sequência, quando o mercado chinês retomou o apetite de importação da proteína com avidez, em meados de março, “esta retomada atingiu fortemente nosso desempenho (de modo positivo)”, disse, pois a companhia conta com 13 unidades na América do Sul habilitadas para exportar à China.
A receita líquida do período atingiu 13,5 bilhões de reais, aumento de 26,6% em relação ao mesmo período de 2019.
Segundo a empresa, entre os fatores que levaram a essa expansão está o crescimento de 65% nas exportações da Operação América do Sul, composta pelas unidades do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile.
Após o surto de peste suína africana, iniciado no ano passado, a China se tornou o principal país comprador de carnes do Brasil —a empresa também opera na América do Norte.
Gularte ainda destacou que melhorias na gestão de custos e do endividamento da companhia contribuiu para limitar os efeitos da crise do coronavírus
“A questão de uma estrutura (financeira) mais direta foi o que nos permitiu enfrentar a situação (da pandemia) mais bem posicionados”, disse o CEO.
A receita líquida da Operação América do Sul da Marfrig foi de 3,8 bilhões de reais, crescimento de 26% quando comparado ao faturamento do primeiro trimestre de 2019.