Faz três semanas que a estudante de psicologia Ana Carolina Mamede Porfirio, de 20 anos, foi admitida como temporária em uma empresa especializada em recrutamento. Ela está trabalhando no marketplace de uma varejista, onde faz a revisão de anúncios virtuais.
"É a primeira vez que trabalho como temporária", conta Ana, que assinou um contrato de trabalho por dois meses com a empresa de recrutamento que presta serviço de mão de obra para a empresa de e-commerce.
Ana dá expediente de segunda a sexta-feira, das 9 horas às 18 horas e recebe um salário quase 30% maior do que ganhava no emprego anterior.
Antes de ficar desempregada, a estudante trabalhou durante 11 meses também no varejo, mas numa distribuidora de autopeças. Até cuidava das vendas online da loja, mas a maior parte do serviço era no varejo físico. Com a pandemia, houve corte de funcionários e Ana foi demitida.
Depois de seis meses procurando uma vaga, ela conseguiu se recolocar, mas como temporária e no comércio online. "Fico um pouco preocupada com o fato de ser um emprego temporário", diz Ana, na expectativa de que o contrato, inicialmente de dois meses, seja prorrogado e que a vaga se torne definitiva. Apesar da ansiedade, no momento, ela diz que está focada no trabalho. "Vou fazer tudo certinho para ter essa possibilidade."
Online
O tipo de vaga de trabalho conseguida pela estudante - no comércio online e temporária - retrata um tendência do mercado de trabalho. Uma em cada três vagas temporárias neste fim de ano são para lojas online, segundo a Page Interim, unidade de negócio do PageGroup especializada em recrutamento, seleção e administração de profissionais terceirizados e temporários. "No ano passado, as vagas online representavam menos de 10% do volume total", conta Maira Campos, diretora da empresa.
Segundo a executiva que recruta e faz a gestão da mão de obra de terceiros não só para o varejo, mas para indústria e outros segmentos, há um forte movimento de admissão de temporários este ano.
Em outubro, de acordo com ela, o volume de contratações fechadas pela empresa foi 50% maior do que no mesmo período do ano passado. E não apenas de trabalhadores para as festas de fim de ano.
Maira diz que há empresas com bastante apetite por contratações de trabalhadores temporários e que existe uma preocupação muito grande em termos de custos e justificativas de investimentos. "O temporário é uma forma mais fácil de as empresas viabilizarem as contratações e suprirem as demandas."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.