Investing.com – O período recente de alto crescimento da economia brasileira deve acabar neste ano, com aumento das preocupações a respeito do cenário fiscal levando a aumentos nas taxas de juros. E essas preocupações não vão embora tão cedo, mas as expectativas de mercado para a Selic parecem elevadas, alerta a Capital Economics em relatório divulgado a clientes e ao mercado ontem, 8 de janeiro.
Os especialistas acreditam que embora estejam previstas novas elevações das taxas de juros, “outros analistas e o mercado se precipitaram quanto à dimensão do aperto monetário”.
O último Boletim Focus do Banco Central aponta para uma Selic de 15% ao final de 2025. A projeção da Capital Economics é bem menor.
O ciclo de aperto monetário deve continuar, com expectativa de dois aumentos adicionais de um ponto percentual na Selic, conforme sugerido no forward guidance da última reunião de política monetária do Banco Central.
Mas, após duas altas esperadas de um ponto percentual, os especialistas antecipam cortes nas taxas na segunda metade do ano, com juros indo a 13,25% ao final de 2025 – com a ponderação de que não possuem uma grande convicção para esta estimativa.
Cenário fiscal segue em foco
As medidas fiscais anunciadas no final de 2024 apenas reforçaram a visão de que a vontade política (tanto do governo quanto do Congresso) relacionada à austeridade não existe, segundo a Capital Economics.
“A queda do real e a reação negativa do mercado de títulos não foram suficientes para que repensassem a situação”, lamentam os analistas.
“O resultado mais provável é que as autoridades continuem a adotar medidas de aperto fiscal fragmentadas para conter o grande déficit orçamentário, em vez de revelarem um plano claro e abrangente para equilibrar as finanças públicas e tranquilizar os investidores”.
Real ainda em desvantagem frente ao dólar
A dívida pública tende a continuar elevada, assim como os prêmios de risco, enquanto o real tende a seguir desvalorizado frente ao dólar, mas a R$6 ao final do ano.
“Não prevemos outra grande descida da moeda, até porque os prêmios de risco substanciais agora criados deixaram-na com um aspecto muito mais fraco do que os fundamentos macroeconômicos por si só implicariam. Um carry atrativo também limitará quaisquer perdas adicionais”, conclui a Capital Economics.
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