SÃO PAULO (Reuters) - Trabalhadores da fábrica de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP) decidiram nesta quinta-feira manter a mobilização contra cerca de 2 mil demissões planejadas pela montadora, em meio à queda de 32 por cento nas vendas de veículos comerciais no país no acumulado de janeiro a julho.
Uma reunião chamada pela montadora com a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC terminou na noite da véspera sem acordo, com a montadora informando os representantes sindicais que não tem alternativas às demissões e não recebeu autorização da matriz alemã para iniciar negociações, afirmou a entidade.
A fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo tem 9 mil trabalhadores dos quais 6,6 mil estão na produção. A unidade está parada desde o início da semana, depois que a companhia deu licença remunerada aos trabalhadores em meio ao plano de demissões, afirmou o sindicato.
Nesta quinta-feira, trabalhadores da fábrica fizeram passeata em torno da unidade e interromperam tráfego em duas pistas da rodovia Anchieta, onde está instalada a planta da Mercedes-Benz.
Procurada, a Mercedes-Benz não confirmou o número de cortes de trabalhadores que pretende fazer na unidade.
Segundo o sindicato, os trabalhadores da unidade não podem ser demitidos até setembro por causa da adesão da Mercedes-Benz ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE). A entidade quer a reversão de todas as demissões e está disposta a negociar com a fábrica.
De janeiro a julho, as vendas de caminhões e ônibus caíram 31,9 por cento sobre um ano antes, para 39.021 veículos, segundo dados da associação de revendedores, Fenabrave. Já a produção de caminhões acumula baixa de 24,5 por cento, enquanto a de ônibus mostra recuo de 31 por cento no período, segundo dados da associação de montadoras, Anfavea.
(Por Alberto Alerigi Jr.)