SÃO PAULO (Reuters) - O banco dinamarquês Saxo Bank estima que os preços do minério de ferro deverão se recuperar para próximo de 100 dólares por tonelada dentro seis a nove meses, após tocarem a mínima de cinco anos abaixo de 80 dólares nesta segunda-feira.
O minério com teor de 62 por cento de ferro <.IO62-CNI=SI>, referência para a indústria, caiu 2,3 por cento para 79,80 dólares por tonelada, menor cotação desde meados de setembro de 2009, pressionado por preocupações sobre o excedente de oferta em um momento de crescimento mais lento na demanda da China. [nL2N0RN0KP]
Grandes mineradoras como a brasileira Vale (SA:VALE5) e a australiana Rio Tinto (AX:RIO) têm aumentado constantemente sua produção nos últimos meses, ao colocarem em atividade novos projetos de expansão de suas minas.
Para o Saxo Bank, a entrada no mercado deste minério de baixo custo deverá retirar do setor diversas mineradoras chinesas, que operam com custos elevados sem conseguir competir com o minério de alta concentração das concorrentes globais.
"Os mais fracos vão cair", disse o diretor de estratégia do Saxo Bank, Ole Hansen, em apresentação a jornalistas nesta segunda-feira.
Numa perspectiva de curto prazo, o Saxo Bank não descarta novas perdas nas cotações.
"Não encontramos um piso ainda... Mas não vejo uma queda grande ante os níveis atuais", disse Hansen.
Segundo ele, o mercado está atualmente reagindo fortemente a temores de nova desaceleração na economia chinesa, o que afetaria a já letárgica demanda pela matéria-prima do aço.
"Eles (China) podem não conseguir manter os níveis recentes de crescimento", ponderou.
O crescimento da indústria da China provavelmente estagnou em setembro, alimentando as preocupações de que a economia pode correr o risco de desacelerar de forma mais acentuada a menos que Pequim lance mais estímulos, mostrou nesta segunda-feira uma pesquisa da Reuters com 19 economistas. [nL2N0RN0PD]
O mercado aguarda a divulgação do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar da indústria do HSBC/Markit de setembro, que ficou em 50, segundo a pesquisa, exatamente na linha que separa expansão e contração. Em agosto do PMI atingiu 50,2. O indicador será divulgado nesta noite, pelo horário brasileiro.
(Por Gustavo Bonato)