Por Lisandra Paraguassu e Alonso Soto
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, defendeu nesta terça-feira o aumento da participação de capital estrangeiro nas empresas áreas brasileiras e confirmou, em entrevista à Reuters, que a questão está sendo estudada pelo governo.
"Minha opinião é sempre de maior abertura. O mundo está cada vez mais integrado e eu tenho naturalmente uma posição mais aberta de que a gente possa ter possibilidade de promover associações para fortalecer o sistema", afirmou.
O ministro confirmou que esta é uma discussão que se está fazendo, apesar de reforçar que não é um tema relacionado diretamente à sua área. "Tenho percebido que há propostas que estão em curso dentro do governo", disse.
Para manter controle sobre suas operações, as companhias aéreas nacionais têm atualmente limite de 20 por cento de participação de capital estrangeiro. Outros países têm restrições semelhantes -nos Estados Unidos o limite é de 25 por cento.
No Brasil, projetos para liberar essa fatia para até 100 por cento tramitam no Congresso.
A medida poderia beneficiar empresas como a Gol, que tem a norte-americana Delta Airlines entre seus acionistas, com 9,48 por cento do capital, em meio à situação financeira delicada do setor, que vem registrando sucessivos prejuízos com o aumento de custos e a recessão econômica.
No ano passado até setembro, as companhias aéreas acumularam prejuízo líquido de 3,7 bilhões de reais, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, citando dados da Agência Nacional de Aviação Civil.
Trabalhadores do setor são contra a medida. Na visão do Sindicato Nacional dos Aeronautas, as consequências vão de concorrência predatória e monopolização do setor a sucateamento de aeronaves e impacto forte nos empregos locais.