Moratória para soja no Cerrado restringe acesso de produtores a mercados, diz Cargill

Publicado 17.12.2020, 21:17
© Reuters. Logo da Cargill fotografado em Lucens, Suíça
ZS
-

Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) - A eventual imposição de uma moratória para a soja no Cerrado, aos moldes do que ocorre na Amazônia, pode restringir o acesso de parte dos produtores rurais a mercados internacionais mais exigentes, disse nesta quinta-feira o presidente da Cargill no Brasil, Paulo Sousa.

Isso porque, segundo ele, alguns agricultores de maior porte conseguiriam comprovar ao mercado a adequação às condições da moratória, mas grande parte dos produtores encontraria dificuldades.

"Um produtor vai ser aceito e ter acesso a mercados, e outros vão ser excluídos", afirmou Sousa durante evento online promovido pelo instituto educacional Insper.

Para ele, este seria o pior cenário. "O sistema exportador de soja no Brasil não foi feito pra isso", acrescentou, sobre a possibilidade de desigualdade entre agricultores.

Nesta semana, um grupo de empresas internacionais pediu por meio de uma carta que grandes tradings de commodities deixem de comprar soja associada ao desmatamento do bioma.

A carta ainda sugeria definir 2020 como uma data limite para a proibição de novos desmatamentos e conversões de terras para áreas de soja no Cerrado, algo que Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) considerou inviável.

Em linha com o posicionamento do CEO da Cargill, o presidente da Abiove, André Nassar, disse à Reuters na terça-feira que "impor uma data limite significaria excluir produtores mesmo quando eles ampliam as áreas legalmente".

A legislação brasileira permite que os proprietários de terras desmatem até 80% da vegetação nativa no Cerrado.

Sousa destacou também que muitas discussões sobre a sustentabilidade da soja acontecem fora do Brasil, com a participação de pessoas que "as vezes não conhecem a realidade da soja brasileira".

Ele citou, por exemplo, as queimadas no Centro-Oeste que acontecem anualmente e por vezes não estão associadas à produção rural.

Para esclarecer estes temas, Sousa acredita que o primeiro passo é "trazer estas discussões de volta para o Brasil", com a participação do setor produtivo, companhias, consumidores e "as empresas que são vocais na Europa, que sejam aqui também", disse, sobre os críticos.

© Reuters. Logo da Cargill fotografado em Lucens, Suíça

"Esse é o primeiro passo para acabar com a polarização, onde cada um fica xingando em um canto", acrescentou.

(Com reportagem adicional de Ana Mano)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.