Os analistas já esperavam resultados trimestrais fracos da MRV (MRVE3) como os efetivamente divulgados nesta terça-feira (3). A questão que os divide, agora, é o impacto sobre as expectativas e, sobretudo, lucratividade dos papéis. E, neste ponto, a Ágora Investimentos e o BTG Pactual (SA:BPAC11) têm visões distintas.
Victor Tapia e Maria Clara Negrão, que assinam o relatório da Ágora Investimentos, mantiveram a recomendação neutra para a MRV, com preço-alvo de R$ 18 para os próximos 12 meses. O valor representa uma queda potencial de 4,20% sobre o fechamento de referência.
Para a dupla, os números divulgados ontem pela construtora foram mais baixos que os esperados, com destaque negativo para a baixa lucratividade (14,6% ante 13,6% em 2018).
Demora
Embora cite de modo favorável a iniciativa da MRV de desenvolver uma linha de imóveis mais baratos, batizada de Essencial, a Ágora observa que levará tempo para que esse produto repercuta efetivamente nas contas da empresa.
Na prática, a gestora do Bradesco acredita que as margens de lucro da MRV só voltarão a crescer em 2021.
“Embora a MRV esteja focando finalmente em unidades mais acessíveis, mais lucrativas no ambiente atual, acreditamos que as margens brutas da MRV e, consequentemente, sua lucratividade, provavelmente não se recuperarão antes de 2021”, afirma o relatório.
Já o BTG Pactual reconhece as dificuldades atuais, mas faz uma avaliação mais favorável à companhia. Em relatório assinado por Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, o banco manteve o preço-alvo de R$ 23 para o fim do ano – o que implica uma valorização potencial de 19% sobre a cotação de referência.
O BTG Pactual destaca a queima de R$ 34 milhões de caixa no quarto trimestre, sobretudo devido à aquisição de terrenos para futura incorporação.
Os analistas acreditam que o ROE (retorno sobre patrimônio líquido, na sigla em inglês) seguirá pressionado no curto prazo, por causa da combinação de um grande estoque de imóveis, margens menores e investimentos no banco de terrenos.
De qualquer modo, ao ser negociada por um múltiplo P/L de 11 vezes atualmente, o papel estaria atraente – e, daí, a recomendação de compra feita pelo BTG Pactual.