Por Marcela Ayres
SÃO PAULO (Reuters) - A construtora e incorporadora MRV, que tem foco no público de baixa renda, viu avanço anual em vendas e lançamentos no terceiro trimestre, citando a continuidade da resiliência no segmento econômico diante de baixo desemprego e menos concorrentes no mercado.
Entre julho e setembro, as vendas contratadas da companhia subiram 5,7 por cento sobre um ano antes, a 1,47 bilhão de reais, ajudadas pelo crescimento de 8 por cento no preço médio por unidade, a 146 mil reais.
Já os lançamentos da companhia cresceram 17,3 por cento na mesma base, a 924 milhões de reais.
Segundo o copresidente da MRV Rafael Menin, o cenário para os imóveis voltados para baixa renda continua positivo apesar da desaceleração da economia e da volatilidade no mercado com as eleições, se apoiando sobre fatores como o baixo nível de desemprego e menor concorrência no segmento.
"O nosso cliente é cliente que compra por necessidade, é cliente do primeiro imóvel", afirmou. "Então se ele está empregado, se o valor da parcela é igual ou mais barato que o aluguel e ele tem oportunidade de comprar, ele vai comprar."
No acumulado dos nove primeiros meses do ano, as vendas contratadas da companhia subiram 17,1 por cento sobre mesma etapa de 2013, a 4,5 bilhões de reais, enquanto os lançamentos subiram 43,8 por cento, a 3,1 bilhões de reais.
Os números da companhia são divulgados após a construtora e incorporadora Cyrela, mais voltada para a média e alta rendas, ter revelado nesta semana queda em lançamentos e vendas no terceiro trimestre.
AVAL DOS BANCOS
Na comparação com o segundo trimestre, contudo, as vendas contratadas da MRV recuaram 3,4 por cento, com os lançamentos caindo 11,8 por cento.
A velocidade de vendas medida pelo indicador VSO (vendas sobre oferta) foi de 26 por cento no período, repetindo desempenho do trimestre anterior e ficando abaixo do patamar de 28 por cento em igual etapa do ano passado.
À Reuters, Menin afirmou que o desempenho trimestral acabou sendo afetado pelo aumento das vendas simultâneas, fechadas apenas mediante aprovação de crédito. Mais demoradas, elas passaram a responder por 42,8 por cento do total, ante apenas 3,5 por cento um ano antes e 16,5 por cento no segundo trimestre.
"Uma boa parte das vendas não aconteceram em função dessa morosidade: é um processo mais complexo, que depende da aprovação do crédito do cliente pelo banco", disse Menin, acrescentando que apesar de mais lenta, essa é uma venda "mais garantida".
Em setembro, as vendas simultâneas chegaram perto de 60 por cento do total, afirmou o executivo, que estima que o novo processo deverá estar plenamente implantado no começo de 2015.
Questionado sobre a perspectiva de melhoria nos cancelamentos registrados pela empresa em função da iniciativa, Menin afirmou que "a partir de algum trimestre do ano que vem a gente começa a ver número cadente, chegando perto de patamar de um dígito no fim de 2015 e começo de 2016".
O percentual de distratos sobre vendas da MRV foi de 27,1 por cento no segundo trimestre, segundo último dado publicado pela companhia.