Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mudança anunciada nesta segunda-feira pela Petrobras (BVMF:PETR4) na diretoria de assuntos digitais pode ser apenas a primeira entre algumas que estão sendo estudadas pelo presidente da companhia, Caio Paes de Andrade, segundo fontes com conhecimento a situação.
A previsão é de que novas indicações do presidente da Petrobras possam acontecer nos próximos dias, o que seguiria um roteiro de mudanças na estatal esperado pelo presidente Jair Bolsonaro, segundo suas próprias declarações após apontar o executivo para atuar como CEO.
"Haverá mais mudanças, nada mais natural em uma troca de comando", disse uma das fontes, em condição de sigilo, para falar sobre o assunto, sem indicar quais cargos estão em avaliação.
O novo CEO da empresa assumiu a presidência no fim de junho, após indicação de Bolsonaro, candidato à reeleição, que naquela oportunidade estava descontente com a execução da política de preços da estatal e o impacto da valorização dos combustíveis para os consumidores.
A empresa tem oito diretores estatutários, além do CEO, e trocas nessas posições precisam de um aval da governança da empresa e do Conselho de Administração, que também é novo na petroleira, na esteira da mudança do CEO --pelas regras da companhia, o presidente-executivo precisa ser também conselheiro.
A Petrobras anunciou nesta segunda-feira que seu CEO indicou Paulo Palaia para ocupar a direção executiva de Transformação Digital e Inovação, em substituição a Juliano Dantas.
A indicação, a primeira de Andrade para uma diretoria da Petrobras, será submetida aos procedimentos internos de governança corporativa da estatal.
"Provavelmente essa é apenas a primeira mudança de algumas", disse uma segunda fonte.
"Quantas e quando ainda em análise. Mas não deve ser nas oito diretorias", adicionou.
As decisões sobre os preços de combustíveis são ratificadas por três executivos: o presidente da empresa, o diretor financeiro, Rodrigo Araujo, e o diretor de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella.
No mês passado, houve uma reformulação no Conselho de Administração da estatal, com a eleição de seis novos conselheiros, sendo quatro indicados pelo governo, acionista majoritário da companhia.
A escolha foi polêmica, pois dois indicados não tiveram aval prévio dos órgãos da Petrobras, que apontaram conflitos de interesse entre a empresa e os cargos que eles ocupam no governo.
"A escolha dos diretores cabe ao Conselho de Administração. Temos um conselho novo, que pode repensar nomes", afirmou uma terceira fonte.
As mudanças na presidência e na composição do colegiado aconteceram após uma enxurrada de críticas do Palácio do Planalto quanto à política de preços da empresa.
Desde a chegada de Andrade, houve uma série de reduções nos preços de diesel e gasolina, além de outros derivados como gasolina e querosene de aviação e asfalto, seguindo quedas nas cotações internacionais do petróleo.
Nesse período de troca de comando na Petrobras, o governo conseguiu implementar uma lei que reduziu o ICMS de combustíveis e outros serviços essenciais, o que ajudou a diminuir os valores a bomba.
Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente.