São Paulo, 9 mai (EFE).- O presidente do Egito, Mohammed Mursi, concluiu nesta quinta-feira sua primeira visita ao Brasil e a um país da América Latina com uma chamada ao grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para cooperação a fim de impulsionar a economia de seu país.
"A economia egípcia vai recuperar a força com a boa governança", disse Mursi em entrevista a um canal de televisão brasileiro.
Esse foi o único contato que teve com a imprensa durante a estadia em São Paulo, onde hoje se reuniu em privado com Paulo Skaf, presidente da Federação de Indústrias de São Paulo, que representa quase 130 mil empresas.
Mursi, que assumiu a Presidência em junho do ano passado, reiterou hoje seu desejo de incorporar o Egito ao grupo de países emergentes que compõem o Brics, todos os quais visitou em menos de um ano.
"Queremos participar dos Brics. Estamos prontos para cooperar com o grupo", afirmou Mursi, que disse que seu plano econômico procura uma "indústria forte baseada na transferência de tecnologia".
O Egito cresceu 2,2% em 2012, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê uma expansão de 2% neste ano.
Por outro lado, o Produto Interno Bruto (PIB) do país árabe aumento quase 5% durante na década até 2010, sob a Presidência de Hosni Mubarak, que foi deposto em fevereiro de 2011 após uma onda de protestos.
Mursi afirmou anteriormente que esse crescimento "não beneficiava em absolutamente nada os egícpios, beneficiava um número limitado de famílias".
O egípcio também advogou por uma economia que traga vantagens para toda população, mediante o combate à corrupção "praticado pelo regime antigo" e uma melhor distribuição de renda.
Além disso, Mursi disse estar "muito otimista" com respeito à relação entre Egito e Brasil, dois países que em sua opinião são semelhantes pela força de seu setor econômico privado e o desejo de acabar com a pobreza, entre outros fatores.
Mursi, que chegou ao poder depois que o Conselho Supremo das Forças Armadas dirigiu o país entre fevereiro de 2011 e junho de 2012, se referiu também à situação política no Egito.
O presidente negou que haja qualquer tensão entre o Governo e os militares e afirmou que as Forças Armadas "lutaram para proteger os revolucionários egípcios" que com cujos protestos provocaram a saída de Mubarak.
Mursi também defendeu a Carta Magna aprovada em um referendo no final de dezembro passado.
"Pela primeira vez, a Constituição egípcia defende às claras os direitos dos não muçulmanos", disse Mursi, que ganhou a Presidência à frente do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), o braço político da Irmandade Muçulmana, um movimento islâmico.
"Queremos liberdade total, queremos garantir o direito de todos para expressar suas opiniões", acrescentou.
Mursi se reuniu hoje também com membros da comunidade árabe em São Paulo e com o prefeito da cidade, Fernando Haddad, antes de sua volta prevista ao Egito.
O presidente viajou ao Brasil acompanhado de uma delegação de 22 empresários de seu país, que apresentaram as oportunidades de investimento brasileiro no Egito em setores como a infraestrutura, petroquímica, energia, transporte, agricultura e projetos navais vinculados com o Canal de Suez. EFE
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