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No Brasil, Maduro consegue investimentos e respaldo político de Dilma

Publicado 09.05.2013, 22:32
Atualizado 09.05.2013, 22:42

Eduardo Davis.

Brasília, 9 mai (EFE).- O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu nesta quinta-feira um pleno respaldo político da presidente Dilma Rousseff, além da promessa de apoio para fazer de seu país uma "potência exportadora de alimentos".

A visita à Brasília foi a última escala da viagem que Maduro empreendeu à Argentina, Uruguai e Brasil em meio à séria crise política que vive seu país após as eleições do último dia 14 de abril, cujos resultados ainda não foram reconhecidos pela oposição.

Apesar da polêmica, Dilma recebeu Maduro no Palácio do Planalto com honras militares e outras reservadas para visitas de Estado, apesar de o protocolo ter qualificado o encontro como "de trabalho".

Após uma reunião de quase três horas, os dois líderes fizeram uma declaração perante a imprensa, na qual Dilma considerou que a vitória eleitoral de Maduro representa "uma oportunidade para manter o nível de relação que o Brasil manteve com o presidente Hugo Chávez", falecido no último dia 5 de março.

Maduro agradeceu o respaldo político do Brasil e exaltou o sistema eleitoral venezuelano, que voltou a classificar como "um dos mais seguros do mundo" e desqualificou assim a oposição liderada por Henrique Capriles, à qual não fez nenhuma alusão.

O novo líder bolivariano, que insistiu na lembrança de Chávez e sua amizade com o Brasil, anunciou também que durante a reunião com Dilma foram assinados acordos para a instalação na Venezuela de fábricas de adubos e de coque verde.

A fábrica de coque verde será um projeto da petroquímica Braskem e estará destinada à exportação deste combustível ao Brasil, disse Maduro em um pronunciamento à imprensa ao lado de Dilma.

A construtora Odebretch será responsável pela outra fábrica, que terá capacidade para processar 1,5 toneladas de ureia, uma quantidade que permitirá à Venezuela dar um "salto gigantesco" no setor dos adubos, nas palavras de Maduro.

O presidente venezuelano assegurou que esses investimentos, que não foram quantificados, abrirão o caminho rumo a uma "revolução agroalimentar" que fará do país caribenho uma "potência exportadora de alimentos", que hoje escasseiam.

Também pediu, e obteve de Dilma, "mais apoio" do Brasil para adotar técnicas de planejamento, de desenvolvimento de cultivos e de irrigação, entre outras, para melhorar a produção agrícola do país, que, segundo ele, "sofreu uma amputação de sua cultura agrícola" por "culpa" do petróleo.

Por sua parte, Dilma manifestou sua disposição de expandir as relações e de buscar "mais equilíbrio" na troca comercial, que no ano passado chegou a US$ 6,05 bilhões, mas com uma balança amplamente favorável ao Brasil.

Além disso, reiterou seu compromisso em consolidar a colaboração em projetos existentes nas áreas de petróleo, eletricidade, agricultura e habitação, e assegurou que discutiram trabalhar em outros setores como provisão energética, abastecimento e segurança alimentar.

Nesse sentido, o assessor especial para assuntos internacionais da presidência, Marco Aurélio Garcia, explicou a jornalistas que o Brasil enviará à Venezuela um grupo de técnicos em energia, a fim de ajudar a pôr fim aos constantes blecautes no país.

García não comentou se esses problemas se devem às "sabotagens" mencionadas pelo governo venezuelano, mas considerou que pode haver problemas de equipamentos e "manutenção", nos quais poderiam cooperar os técnicos brasileiros.

No plano político, Dilma considerou "histórico" o fato de a Venezuela assumir a presidência temporária do Mercosul no segundo semestre deste ano.

A incorporação da Venezuela ao bloco regional "permitirá viver um segundo ciclo de expansão e de integração de cadeias produtivas" que beneficiará principalmente o norte e o nordeste do Brasil e o sul venezuelano, declarou Dilma.

Os líderes também analisaram a situação do Mercosul e o possível retorno do Paraguai ao bloco após as eleições do último dia 21 de abril, vencidas por Horacio Cartes, do Partido Colorado.

Segundo García, as eleições facilitam o retorno do país ao bloco, mas uma solução definitiva só será alcançada uma vez que Cartes assuma o poder, em agosto, e já com a Venezuela na presidência do Mercosul.

Durante sua estadia em Brasília, Maduro também conversou em particular com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, após sua reunião com Dilma, participou de um encontro com intelectuais e representantes de movimentos sociais que a imprensa não pôde acompanhar. EFE

ed/rsd

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