Por Corina Pons
MADRI (Reuters) - A nova presidente da legislatura de oposição da Venezuela está confiante que os Estados Unidos irão apoiar o órgão, continuando a proteger ativos estrangeiros como a refinaria de petróleo Citgo Petroleum dos credores, disse ela nesta sexta-feira.
Dinorah Figuera, uma médica de 61 anos do partido Primeiro Justiça, foi escolhida para liderar a Assembleia Nacional da oposição no início deste mês, enquanto se prepara para escolher um candidato presidencial e pressiona por novas negociações com o governo do presidente Nicolás Maduro.
Figuera, que vive exilada na Espanha, disse à Reuters em uma entrevista que o novo triunvirato de mulheres líderes da Assembleia será capaz de confrontar Maduro, que os Estados Unidos e outros países consideram um ditador, e proteger ativos como a refinaria Citgo e quase 2 bilhões de dólares em ouro no Banco da Inglaterra de credores.
Maduro acusou a oposição de trabalhar com os Estados Unidos e outros países para organizar um golpe contra ele.
Neste mês, o Departamento do Tesouro dos EUA estendeu a proteção da Citgo até abril, e Figuera disse que ela poderia ser renovada.
"Os Estados Unidos apoiam a Assembleia Nacional, a Inglaterra apoia a Assembleia Nacional... tivemos conversas e essa licença (Citgo) pode ser renovada por mais meses", disse Figuera.
A Venezuela deve mais de 60 bilhões de dólares a credores e está enfrentando disputas jurídicas sobre nacionalizações e pagamentos atrasados de títulos.
Os parlamentares da oposição nomearam um comitê para administrar ativos no exterior.
A Venezuela tradicionalmente tem apenas uma legislatura, mas atualmente tem dois órgãos paralelos, um de legisladores aliados do governo e outro da oposição.
Figuera, que se mudou para a Espanha em 2018, pretende "costurar" a unidade da oposição, depois de algumas brigas internas ferozes entre seus maiores partidos.
Assim como outros parlamentares da oposição, ela não recebe salário por seu cargo.
Ela está em processo de transferência de suas credenciais médicas, portanto ainda não pode exercer a profissão na Espanha e consegue sobreviver cuidando de uma mulher diabética de 87 anos em Valência, no sul da Espanha.
"Recebi ameaças enviadas por pessoas que conhecem ou têm pessoas próximas ao madurismo", disse ela, referindo-se aos aliados de Maduro, e acrescentando que a polícia confiscou o apartamento e um carro que ela ainda possuía na Venezuela algumas horas depois de que ela foi nomeada.
Embora ela tenha perdido a irmã e a mãe para o Covid-19 depois de deixar a Venezuela, Figuera ainda espera voltar um dia.
"Tenho fé que vamos seguir em frente", disse. "As ditaduras não são eternas."