O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou na 6ª feira (3.mai.2024) que o próximo CEO da Vale (BVMF:VALE3) deve estar mais alinhado ao governo. Ele disse que, quanto mais cedo seja resolvida a sucessão, melhor a companhia conseguirá resolver “pendências com o Brasil”.
Segundo o ministro, o Executivo exigirá que o sucessor da mineradora esteja alinhado com Estados, municípios e agências reguladoras para solucionar os problemas ambientais e sociais causados pela companhia. Deu as declarações em entrevista à Bloomberg.
A fala de Silveira indica que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não abriu mão de emplacar um aliado no comando da maior mineradora do país.
No início do ano, o Planalto tentou colocar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, na presidência da Vale, mas o plano falhou e companhia optou por estender o mandato do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, até o final de 2024.
Na 5ª feira (2.mai), a Vale comunicou ao mercado que a lista tríplice de candidatos à presidência da mineradora será definida e divulgada até 30 de setembro deste ano.
Os 3 nomes para a sucessão serão escolhidos com apoio de uma consultoria de padrão internacional, que será contratada até junho. Ainda não houve uma movimentação intensa do governo para interferir na indicação de algum aliado.
COTADOS
O rol de cotados segue ganhando novos nomes. Walter Schalka, experiente executivo que está de saída do posto de CEO da Suzano (BVMF:SUZB3), é um dos citados. Tem simpatia dos investidores privados e dos conselheiros independentes.
Pelo governo, é bem avaliado o nome de Paulo Cafarelli, ex-Banco do Brasil. Ainda aparece com chances o ex-presidente da Cosan (BVMF:CSAN3), Luís Henrique Guimarães, que atualmente é um dos conselheiros da Vale.
O governo Lula deseja um nome de confiança para a mineradora. Com o discurso de que a Vale precisa atender aos anseios do governo e do país, o presidente, na prática, quer que a empresa siga o mesmo caminho da Petrobras (BVMF:PETR4) na atual gestão do petista: amplie investimentos no Brasil para induzir o crescimento da economia e a abertura de empregos.
A visão de Lula sempre foi essa. O petista sempre se mostrou inconformado pela privatização da companhia no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A diferença é que, em seus 2 primeiros mandatos, o atual presidente tinha mais meios de intervir na Vale em função da participação de estatais na composição acionária da mineradora, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e fundos de pensão federais.
Só que o cenário agora é outro. A Vale passou por um 2º processo de privatização no governo de Jair Bolsonaro (PL). O então ministro da Economia, Paulo Guedes, reduziu a participação do governo nas ações da mineradora de 26,5% para 8,6%. A Vale, assim, se tornou uma corporation, ou seja, uma empresa de controle privado, com capital diluído no mercado.
Foi por isso que Lula saiu fracassado de sua 1ª investida sobre a Vale neste mandato, na qual tentou colocar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da mineradora. O governo operou para emplacar o aliado na empresa, mas acabou fazendo um recuo tático diante da resistência dos acionistas privados e a reação negativa do mercado.