PALM BEACH, Estados Unidos (Reuters) - O governo norte-americano vê a entrada da chinesa Huawei no mercado de 5G brasileiro como um possível impedimento para o desenvolvimento de uma relação forte de cooperação na área de defesa e inteligência entre Brasil e Estados Unidos, disse nesta sábado um assessor de alto escalão da Casa Branca em um briefing sobre o encontro entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump.
O tema não necessariamente seria tratado entre os dois presidentes no jantar da noite deste sábado em Mar-a-Lago, a residência não oficial de verão do presidente norte-americano na Flórida, disse o assessor, falando em condição de anonimato dada a sensibilidade dos temas tratados nas conversas entre governos.
“Nós acreditamos fortemente, e olhe, claramente, que para ter uma cooperação forte de defesa e inteligência com o Brasil, você sabe, ter os chineses penetrando a rede de 5G, particularmente pela Huawei, iria se tornar um enorme impedimento. Esse é apenas um fato, um fato lamentável. Isso está por exemplo afetando nossa relação com o Reino Unido”, disse o assessor de Trump.
Até agora, o governo brasileiro não impôs nenhuma restrição à entrada da Huawei, uma das únicas empresas com tecnologia 5G, no Brasil. Até pelo interesse das empresas que operam no Brasil em adotar a tecnologia chinesa. No entanto, o leilão, inicialmente programado para março, foi adiado para outubro e agora deve ficar para 2021.
“Então, isso é realmente um tema de segurança nacional para nós, e também deveria ser para o Brasil. Claramente o Brasil não vai querer que os chineses, através da Huawei ou outros meios, coloquem em perigo a privacidade dos seus cidadãos ou a segurança da sua infraestrutura através da penetração nessas redes”, disse o auxiliar de Trump.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu, em Palm Beach)