Por Alexandre Lago
NATAL (Reuters) - Um passageiro de um voo da Air Europa desviado para Natal na segunda-feira devido à forte turbulência disse que os passageiros temeram por suas vidas durante o incidente, no qual cerca de 40 pessoas ficaram feridas, quatro delas sendo encaminhadas para unidades de terapia intensiva (UTIs).
"Há passageiros com fraturas e ferimentos nos braços, rostos e pernas", disse Stevan à Reuters TV na cidade de Natal, onde o voo UX045 de Madri para a capital uruguaia, Montevidéu, fez um pouso não programado pouco depois das 2h30, horário local.
"Foi uma sensação horrível. Achamos que iríamos morrer ali", afirmou ele, sem informar seu nome completo.
Outro passageiro, Maximiliano, disse que o avião - um Boeing (NYSE:BA) 787-9 Dreamliner com 325 passageiros a bordo - começou a despencar de repente.
"De um momento para o outro, o avião se desestabilizou e mergulhou", contou ele. "As pessoas que não estavam com cinto de segurança subiram e bateram no teto, e se machucaram - as que estavam com cinto de segurança, nem tanto."
A Air Europa informou em um comunicado na segunda-feira que sete pessoas sofreram graus variados de ferimentos e que um número indeterminado de passageiros teve contusões leves.
A Secretaria de Saúde do governo do Rio Grande do Norte disse nesta terça-feira que quatro pessoas foram encaminhadas para UTIs, de um total de 40 passageiros levados para hospitais em Natal, número superior aos 30 inicialmente reportados na segunda.
A companhia aérea acrescentou que a aeronave estava sendo analisada para determinar a extensão dos danos e disse em uma postagem na mídia social nesta terça-feira que um voo de substituição para levar os passageiros a Montevidéu havia partido de Natal no início do dia.
A companhia aérea não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o incidente, que ocorreu menos de dois meses depois que um passageiro morreu e dezenas ficaram feridos quando uma turbulência atingiu um voo da Singapore Airlines de Londres para Cingapura.
Alguns cientistas alertaram sobre a piora da turbulência ligada à mudança climática.
A causa mais comum de turbulência são os padrões climáticos instáveis que provocam tempestades, que podem ser detectadas pelo radar meteorológico.
Incidentes recentes aumentaram a preocupação no setor de viagens aéreas com relação ao cinto de segurança e às práticas de segurança.
Um acordo internacional, a Convenção de Montreal, responsabiliza as companhias aéreas por danos físicos causados por acidentes em voos internacionais, que podem incluir turbulência, independentemente de terem sido negligentes.
(Reportagem adicional de Joanna Plucinska em Londres, Emma Pinedo Gonzalez em Madri e Gabriel Araujo em São Paulo)