RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras tem "liberdade" para praticar preços de combustíveis competitivos e de mercado, e esta será uma das ferramentas da empresa para reduzir seus níveis de alavancagem, disse nesta segunda-feira o diretor financeiro da estatal, Ivan Monteiro, em teleconferência para comentar os resultados do primeiro trimestre.
"A gente tem sempre falado, queria reiterar novamente, que a companhia tem a liberdade e vai atuar praticando preços competitivos e de mercado, esse é o nosso posicionamento e não poderia ser diferente, uma companhia de capital aberto...", afirmou Monteiro.
No passado recente, a Petrobras registrou prejuízos na divisão de Abastecimento por vender combustíveis no Brasil por anos a preços mais baixos do que no exterior, enquanto teve que importar volumes expressivos para complementar sua produção.
No primeiro trimestre, isso mudou com o reajuste de preço de diesel e gasolina no Brasil no fim do ano passado e com a queda dos preços do petróleo.
"Não pode ser outra postura da Diretoria Executiva da Petrobras e não pode ser outra postura que o Conselho de Administração pode esperar da Diretoria Executiva da Petrobras", completou Monteiro, sobre a prática de preços de mercado.
A petroleira voltou a ter lucro no primeiro trimestre após dois períodos consecutivos de perdas, com uma forte melhora do resultado operacional.
O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), por exemplo, cresceu 50 por cento ante um ano antes, para 21,518 bilhões de reais, favorecendo uma redução do indicador de alavancagem (dívida líquida/Ebitda) para 3,86 vezes, ante 4,77 no quatro trimestre.
Monteiro disse ainda que a desalavancagem da companhia deverá se dar por uma série de medidas, além dos preços de mercado dos combustíveis, que estarão presentes no novo plano de negócios, a ser divulgado até meados do próximo mês.
PRODUÇÃO E DECLÍNIO
Durante a teleconferência, a diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes, frisou que a empresa mantém meta de crescimento da produção de petróleo em 2015 em 4,5 por cento, ante 2014, para 2,125 milhões de barris, podendo variar um ponto percentual para cima ou para baixo.
De acordo com ela, esse volume inclui a previsão de impacto de paradas programadas de plataformas de 50 mil barris por dia e também o declínio médio de 10 por cento em áreas maduras.
Um analista afirmou acreditar que o declínio médio da companhia está maior, em torno de 14 por cento, e perguntou à diretora se esse seria o motivo de a produção total não estar crescendo tanto quanto se havia previsto no passado.
A diretora negou: "Para esses sistemas que não são do pré-sal, o nosso declínio, em média, sim, é da ordem de 10 por cento. Estamos planejando isso, e isso está embutido nas nossas previsões para o ano de 2015", afirmou a executiva.
Considerando a extração de óleo e gás, dentro e fora do Brasil, a Petrobras projeta meta de produção média de 2,796 milhões de barris dia (boe/d) em 2015, ante 2,803 milhões de boe/d no primeiro trimestre de 2015, segundo apresentação da companhia sobre os resultados.
A produção do primeiro trimestre teve crescimento de 10,7 por cento ante o mesmo período do ano passado, com o pré-sal sustentando o avanço.
As ações da Petrobras caíam mais de 1 por cento, por volta das 14h40, após subirem na abertura em meio à repercussão inicial do lucro registrado pela estatal no primeiro trimestre.
(Por Marta Nogueira)