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Petrobras: Entenda o que a renúncia do CEO José Mauro Coelho significa

Publicado 20.06.2022, 16:27
© Reuters.
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Por Ana Beatriz Bartolo

Investing.com - O pedido de demissão do presidente-executivo da Petrobras (SA:PETR4), José Mauro Coelho, nesta manhã, 20, mexeu com o mercado e as ações da empresa, apesar de ninguém ter ficado muito surpreso. Isso porque último fim de semana foi o ápice de uma longa história de críticas contra a política de preços da companhia, que já vinha derrubando CEOs e ministros nos últimos meses. As preocupações sobre possíveis interferências na gestão da empresa agora se somam à possibilidade de novos impostos e congelamento de preços.

A reportagem de Investing.com ouviu analistas de mercado para listar e avaliar os principais impactos da troca de comando ocorrida nesta segunda-feira.

Coelho entregou a sua renúncia após o presidente Jair Bolsonaro e parlamentares passarem o fim de semana fazendo ataques contra a decisão da Petrobras de aumentar os preços dos combustíveis vendido nas refinarias, que havia sido anunciada na última quinta-feira. O reajuste foi de 5,18% no preço da gasolina e de 14,26% no valor do diesel. 

Bolsonaro já havia exonerado Coelho no final de maio, mas o executivo permaneceu no cargo enquanto a companhia realizava os trâmites burocráticos para eleger o seu substituto Caio Paes de Andrade, secretário e homem de confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes. 

A notícia da renúncia de Coelho é negativa, mas já era esperada, avalia Fabiano Vaz, analista da Nord Research. “O mercado já tinha antecipado isso, e hoje foi uma confirmação do clima ruim”, comenta Vaz. 

Durante a manhã, as negociações das ações da Petrobras chegaram a ser paralisadas duas vezes por causa da reação do mercado. Pela tarde, soube-se que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma apuração sobre a divulgação da notícia da saída de Coelho da companhia, mas não explicou se o caso envolve alguma denúncia de "insider trading", já que a notícia já era especulada durante o fim de semana. 

As ações preferenciais da Petrobras fecharam o dia em alta de 1,14%, a R$ 27,62. Mas ao longo do dia, o papel também chegou a cair próximo dos 5%, a R$ 25,91.

Riscos de gestão

“A notícia da renúncia de Coelho levanta preocupações sobre a continuidade da política de preços da Petrobras, sem contar que essas constantes mudanças na companhia evidenciam que o governo não está feliz com a gestão da empresa”, diz o Nícolas Merola, analista de investimentos da Inv.

Já para VanDyck Silveira, economista da Trevisan Escola de Negócios, o pedido de demissão do presidente da Petrobras é “uma situação de calamidade”. Ele diz que a tentativa do governo de congelar preços ou mudar o modelo de precificação seria “imoral e irresponsável”. “Essa ideia tem um fundo completamente eleitoreiro e nos mandaria de volta para a década de 80”, explica o economista.

O líder da área de análise da Warren, Frederico Nobre, porém, considera que mesmo diante das pressões, o governo não está conseguindo interferir diretamente na política de Preço de Paridade Internacional (PPI) da Petrobras. “A empresa tem uma governança muito mais estabelecida do que há cinco ou dez anos”, diz o especialista. 

Nobre também acredita que é provável que nesta semana ainda haja mais notícias sobre mudanças de rumos na Petrobras, pois o combustível é “a principal pedra no sapato do governo Bolsonaro na sua busca pela reeleição”.

Durante o fim de semana, o presidente chegou a dizer que seria possível a criação de uma CPI para investigar a conduta dos dirigentes da companhia, como uma forma de pressionar a estatal. Porém, na visão de Nobre ela não deve acontecer , assim como a possibilidade de que projetos que acabem com a política de preços da Petrobras também não devem ser aprovados.

“Se o governo pudesse mudar o PPI da empresa, eles já teriam feito isso há muito tempo. Agora, olhando para uma possível tributação dos lucros das petrolíferas, mais especificamente para Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), isso parece mais viável do que as outras medidas. Ainda assim, isso enfrenta muita resistência do mercado e não deve ter apoio das entidades”, diz Nobre.

O aumento de impostos seria um “retrocesso bem grande” na visão de Vaz, da Nord. “Hojem a gente vê várias empresas pequenas e médias crescendo ao se aproveitar do processo de desinvestimentos da Petrobras, mas isso reduziria os investimentos e no final das contas é uma solução fácil para um problema complexo, pois acabaria prejudicando a produção”, explica. 

Um possível congelamento de preços

A Petrobras anunciou que o seu Conselheiro Francisco Petros propôs o congelamento dos preços dos combustíveis por 45 dias e a formação de um grupo de trabalho com representantes da estatal, do mercado e do governo, para buscar uma nova forma de calcular os reajustes do combustível. Mas a companhia também disse que as propostas são uma iniciativa pessoal do conselheiro e que ainda não foram discutidas.

“Essa ideia de trabalhar com janelas um pouco mais dilatadas de reajustes é algo que o ministro Paulo Guedes já vinha tentando construir. Isso eliminaria parte da volatilidade e traria mais segurança, mas para as distribuidoras privadas seria péssimo porque elas ficariam reféns dos preços da Petrobras e podem acabar operando com prejuízo, o que elas não vão querer fazer”, diz Nobre. 

O especialista da Warren acredita que o congelamento de preços tem mais força do que outras ideias apresentadas até agora, mas que não é algo que o governo conseguiria resolver na "canetada": seria preciso esperar o Conselho da Petrobras se manifestar sobre o assunto em uma próxima reunião.

Recomendação

Frederico Nobre, da Warren, diz que a corretora ainda mantém a recomendação de compra das ações da Petrobras. Isso porque, apesar dos riscos políticos, a empresa ainda traz resultados sólidos, especialmente ao olhar para os dividendos.

 

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