Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) estuda a construção de uma unidade de lubrificantes na área do chamado Comperj, em Itaboraí (RJ), que poderá mais que quadruplicar a capacidade de produção da petroleira estatal no Rio de Janeiro a partir de 2022, disse à Reuters a diretora-executiva de Refino e Gás Natural, Anelise Lara.
A eventual construção poderá demandar investimentos de cerca de 400 milhões de dólares, ou mais de 1,6 bilhão de reais, para uma planta com capacidade de produção de até 225 mil metros cúbicos ao mês de lubrificantes, segundo a executiva.
Atualmente, a Petrobras produz cerca de 50 mil metros cúbicos por mês de lubrificantes no Rio de Janeiro, por meio da Refinaria Reduc, em Duque de Caxias.
"Se os resultados forem positivos como a gente está esperando, é algo para começar em 2022 e faremos sozinhos", disse Lara, ressaltando que o Comperj vai se tornar um polo industrial, incluindo uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), já em construção e prevista para 2021.
No projeto em estudo, está prevista a construção de um duto, que levaria a matéria-prima para a fabricação de lubrificantes, produzida na Reduc, para o Comperj.
Com isso, a unidade de produção de lubrificantes em Duque de Caixas seria encerrada.
Hoje, além da Reduc, a empresa também produz lubrificantes na Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor).
A diretora destacou que a nova unidade, caso concretizada, irá produzir lubrificantes de segunda geração, mais sustentáveis e de melhor qualidade, ainda não produzidos pela Petrobras.
"Será um Comperj com cara nova", ressaltou a diretora, ao lembrar que no passado o projeto contemplaria uma refinaria de petróleo e uma unidade petroquímica, o que está descartado atualmente.
Os planos para refino e petroquímica no local foram abandonados após o Comperj ter sido alvo de um grande esquema de corrupção, desvendado pela operação Lava Jato, que apontou desvios de recursos públicos por meio de contratos fraudulentos envolvendo o empreendimento.
"O Comperj vai ter uma unidade de hidrocraqueamento... ligada à Reduc. A ligação será através de um duto que iria trazer petróleo para o Comperj, quando se pensava em fazer uma refinaria ali. Agora não se pensa nisso, nem em uma unidade petroquímica", afirmou.
A unidade permitirá ainda reduzir as compras externas de lubrificantes, já que o Brasil importa atualmente grande parte do insumo consumido por máquinas e veículos no país, ressaltou a executiva.
A Petrobras também estuda a instalação de um parque térmico na área do Comperj, aproveitando a vasta extensão territorial do empreendimento e os grandes volumes de gás natural que serão trazidos do pré-sal, por meio de um gasoduto, também já em construção.
A empresa vem buscando há alguns anos possíveis parceiros para investimentos no local, mas ainda sem sucesso.
Lara apontou que a norueguesa Equinor seria uma potencial sócia para a geração elétrica no futuro.
Outro possível parceiro, segundo ela, seria a chinesa CNPC, com quem a empresa já tem conversas para a eventual construção de térmicas a gás ou para um acordo envolvendo a UPGN.