Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A atual saúde financeira da Petrobras (SA:PETR4) permite que ela faça frente aos vencimentos de dívidas no curto prazo sem que sejam necessárias novas emissões, afirmou nesta sexta-feira a gerente-executiva de Finanças, Bianca Nasser, em uma teleconferência com jornalistas.
A petroleira, segundo a executiva, tem feito nos últimos anos um amplo trabalho em busca de melhorar o perfil da dívida, reduzindo custos e alongando valores devidos no mercado. Além disso, os preços do petróleo estão mais altos e a produção da empresa está crescente.
"Se tiver situação de mercado fechado, de piora de percepção de Brasil, qualquer um desses itens de cenário político, a empresa não precisa mais do mercado no curto prazo, é isso que tem trazido muita confiabilidade para as taxas de captação reduzirem da forma como estão reduzindo", afirmou.
"(A Petrobras) é capaz, com a sua situação de liquidez de caixa mais a sua geração, de facilmente pagar os vencimentos."
Como exemplo para a melhoria do perfil da dívida da empresa, Bianca Nasser destacou que, com todo o esforço, a empresa conseguiu reduzir "significativamente" a pressão das amortizações de curto prazo.
Para o biênio 2018-2019, por exemplo, a empresa prevê a necessidade de amortizações de cerca de 8 bilhões de dólares, contra 35 bilhões estimados para o mesmo biênio no fim de 2014.
Para 2018, atualmente, estão previstos aproximadamente 3 bilhões de dólares de amortizações, contra cerca de 15 bilhões de dólares previstos em 2014.
Já para 2019, estão previstas amortizações de aproximadamente 5 bilhões de dólares, contra cerca de 20 bilhões de dólares em 2014.
"A grande questão do tamanho da dívida da Petrobras no passado eram as grandes amortizações que estavam concentradas no curto prazo, que era inclusive um dos alertas das agências de ratings, que a gente conseguiu trabalhar de forma a reduzir o risco de refinanciamento", afirmou.
A empresa anunciou na quinta-feira a conclusão da oferta de títulos no mercado de capitais internacional, de 2 bilhões de dólares e vencimento em 2029. A operação foi precificada no dia 25 de janeiro de 2018.
"Nosso 'book' foi de alta qualidade, com investidores de 'high grade'", disse Bianca, dizendo que a demanda chegou a 10 bilhões de dólares.
A executiva frisou que as condições da emissão foram muito melhores do que as encontradas no mercado em 2016, quando a empresa voltou a ter um mercado de capitais internacional aberto para ela. Anteriormente, a companhia sofreu os desdobramentos do escândalo de corrupção e da queda dos preços do petróleo.
A gerente-executiva frisou que o rendimento ao investidor da emissão concluída na quinta-feira foi de 5,95 por cento, para um prazo de quase 11 anos, contra um rendimento ao investidor de 9 por cento em uma emissão de 10 anos feita em 2016.
Para frente, a executiva frisou que a empresa está mais propícia a realizar mais operações de recompra de dívidas do que emissões.
A executiva destacou que a empresa trabalha hoje com um cenário muito favorável para a área financeira, incluindo a perspectiva de geração de caixa forte, com um petróleo Brent mais alto, acima das expectativas do plano de negócios da empresa.
No entanto, ponderou que a petroleira poderá avaliar novas emissões.
"Eventuais novas emissões podem ocorrer também em um cenário positivo (dentro de avaliações da empresa). Se vê claramente como a empresa trabalhou com volumes muito menores (na última emissão) mesmo tendo uma janela muito boa e um 'book' de mais de 10 bilhões de dólares", afirmou.
Segundo Bianca, atualmente o dólar está mais competitivo que o euro para emissões. Mas a executiva disse que emissões em outras moedas além do dólar não estão descartadas.
"Tudo depende de como as curvas vão se movimentar, a gente tem visto algum enfraquecimento do dólar em relação a outras moedas, nos últimos meses, então é difícil prever."
Sobre alongamento de dívida, Bianca afirmou que a empresa não vê urgências: "A gente ainda tem alguma concentração no mercado de capitais vencendo em 2021 e uma concentração também de mercado bancário em 2022, são anos que a empresa ainda pretende endereçar... mas a gente não tem urgência".