Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) alertou autoridades do setor elétrico que não vai fornecer gás natural para abastecer uma termelétrica da também estatal Eletrobras (SA:ELET3) em Manaus, cujas obras estão próximas de serem concluídas, devido às enormes dívidas da elétrica pelo fornecimento de combustível a outras usinas.
A Amazonas Energia, unidade da Eletrobras responsável pelo suprimento de eletricidade no Amazonas e pela construção da termelétrica, já acumula uma dívida de mais de 2,5 bilhões de reais com a Petrobras pelo combustível utilizado em termelétricas na região.
Agora, a usina Mauá 3, orçada em 1,2 bilhão de reais e com 590 megawatts em capacidade, corre o risco de não ter como operar.
Segundo relatório de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a usina prepara-se para colocar a primeira turbina em operação em maio deste ano.
"Por parte da Petrobras, em decorrência dos deveres de diligência, lealdade e probidade de seus administradores, não há qualquer disposição em viabilizar a ampliação do consumo de um combustível que estruturalmente não vem sendo pago", disse a Petrobras em carta a dirigentes da Aneel, enviada na semana passada.
"É importante esclarecer à Aneel sobre a inexistência de qualquer perspectiva de fornecimento de gás natural para a UTE Mauá 3", reiterou a petroleira.
A companhia ressaltou ainda que não assinou qualquer termo de compromisso ou contrato preliminar com a Eletrobras para suprir a térmica e nem assegurou que iria realizar o fornecimento.
A Petrobras também disse que "vê com grande preocupação" o fato de a Aneel ter sinalizado recentemente que espera contar com a entrada em operação da termelétrica no Amazonas neste ano.
No balanço do terceiro trimestre de 2016, a Petrobras declarou ter 15,8 bilhões de reais a receber da Eletrobras, dos quais 8,6 bilhões foram negociados para pagamento parcelado.
Adicionalmente, a Petrobras também disse à Aneel que não teria como atender todo o período de funcionamento da termelétrica da Eletrobras, que tem contrato até 2043, porque as concessões dos campos de onde esse gás seria extraído encerram em 2033.
Procurada, a Petrobras afirmou que não vai comentar as informações do documento.
A Eletrobras não respondeu imediatamente a pedidos de comentário.
No final do ano passado, os presidentes das duas companhias, Pedro Parente e Wilson Ferreira Jr., disseram que estavam negociando pessoalmente a enorme dívida da Eletrobras junto à petroleira.