RIO DE JANEIRO (Reuters) - Petroleiros da Bahia iniciaram nesta quinta-feira uma greve por tempo indeterminado, com a adesão de cerca de mil trabalhadores da Petrobras (SA:PETR4), que se manifestaram contra a venda de refinaria no Estado e em outras localidades, informou em nota a Federação Única dos Petroleiros (FUP).
O movimento não afetou a produção da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), em São Francisco do Conde (BA), que está em estágio avançado de venda para o Mubadala Capital, de acordo com a Petrobras.
A petroleira, no entanto, não deu mais detalhes sobre a manifestação, como por exemplo se confirmava a adesão anunciada pela federação.
A FUP, em contrapartida, afirmou que como se trata do primeiro dia do movimento, não é possível medir se há impacto na produção da Rlam.
A paralisação teve início apesar da estatal ter afirmado anteriormente em comunicado que o movimento é ilegal e que adotará todas as medidas administrativas e jurídicas cabíveis.
Segundo a FUP, não houve troca de turno na Rlam nesta quinta-feira, enquanto trabalhadores próprios e terceirizados permaneceram do lado de fora da unidade. A refinaria tem cerca de 900 trabalhadores próprios e 1.700 terceirizados, de acordo com a federação.
A Petrobras anunciou na semana passada que o Mubadala Capital venceu disputa pela Rlam, com uma oferta de 1,65 bilhão de dólares. A assinatura do contrato, entretanto, ainda está sujeita à aprovação de órgãos competentes.
Antes de iniciar a greve, os trabalhadores entregaram à petroleira uma pauta reivindicatória relacionada à venda. Segundo a FUP, desde segunda-feira a petroleira vinha realizando reuniões com o Sindipetro-Bahia, mas não houve avanço nas conversas.
Dentre as reivindicações, os trabalhadores questionam como ficará o cronograma de transição da operação, os prazos de transferência de funcionários, critérios e prioridades, dentre vários outros questionamentos.
Em nota enviada anteriormente, a Petrobras afirmou que foi notificada no domingo pelo Sindipetro-BA sobre a intenção de realizar a paralisação e que o motivo alegado "não preenche os requisitos legais para o exercício do direito de greve".
"A greve só é legítima quando está relacionada à reivindicação de direitos dos trabalhadores, como salário e benefícios; caso contrário, é considerada abusiva. A venda da Rlam não acarretará nenhuma perda de direito ou vantagem trabalhista para os empregados da Petrobras", disse a empresa.
A Petrobras ressaltou que já garantiu que todos os empregados que optarem por permanecer na companhia serão realocados em outros ativos e áreas.
(Por Marta Nogueira)