PORTO PRÍNCIPE (Reuters) - Centenas de haitianos saíram às ruas na segunda-feira para protestar contra o governo não eleito do primeiro-ministro Ariel Henry, cuja administração tem visto alianças de gangues violentas expandirem o controle na maior parte da capital e se espalharem para áreas próximas.
A polícia nacional usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que atearam fogo a pneus de carros, enchendo as ruas com nuvens de fumaça cinza.
Henry assumiu o poder logo após o assassinato do último presidente do país, Jovenel Moise, em 2021. Desde então, um vácuo de poder permitiu o surgimento de gangues poderosas que se reuniram em grande parte em torno de duas alianças principais, G9 e G-Pep.
Confrontos entre gangues rivais, polícia e grupos de vigilantes civis tiveram impactos devastadores sobre os moradores locais, que enfrentam assassinatos indiscriminados, violência sexual desenfreada, saques, sequestros para resgate e incêndios criminosos.
"Henry não fez absolutamente nada pela população; a insegurança está em toda parte, as estradas estão destruídas, ninguém pode continuar com suas vidas diárias", disse o manifestante Dominique Thelemaque à Reuters.
"Não estamos aqui hoje para travar uma guerra contra Ariel Henry para substituí-lo por outra pessoa. Estamos aqui hoje para travar uma guerra contra o sistema."
O chefe da Human Rights Watch, no início deste ano, estimou que cerca de 300.000 pessoas estão deslocadas internamente devido à violência.
As Nações Unidas estimam que 170.000 crianças estão deslocadas internamente, e quase metade da população está passando fome, pois o conflito impede que alimentos, ajuda e pessoas se desloquem pelo país.
(Reportagem de Steven Aristil)