María Luisa González.
Madri, 10 jun (EFE).- O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, se declarou satisfeito com a ajuda de até 100 bilhões de euros da União Europeia para recapitalizar os bancos do país e defendeu as reformas realizadas em seus cinco meses de governo que a Espanha tenha evitado ser intervinda.
As declarações de Rajoy foram feitas em entrevista coletiva neste domingo, um dia após o ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos, anunciar que Madri pediria assistência financeira da Europa para sanear o setor bancário do país.
O Eurogrupo - fórum de ministros de Economia e Finanças da zona do euro - decidiu neste sábado colocar à disposição da Espanha um pacote de empréstimos de até 100 bilhões de euros para a reestruturação e saneamento do setor bancário da nação, muito afetado pela explosão da bolha imobiliária.
"O projeto europeu e o futuro do euro ganharam credibilidade", destacou o chefe do Executivo espanhol, ao elogiar a ajuda da zona do euro. "A Europa esteve à altura das circunstâncias".
O presidente do governo espanhol negou que sido pressionado por outras nações europeias para que solicitasse ajuda financeira ao setor bancário. "Quem pressionou fui eu", contestou Rajoy, que ressaltou as dificuldades que teve para conseguir o acordo.
Ele também reconheceu a gravidade da situação bancária: "É um problema muito sério, que todo mundo sabe que existe". Em sua opinião, o pacote de empréstimos da UE será decisivo para salvar o setor bancário espanhol e já deveria ter sido aplicado antes.
Perguntado por que o governo espanhol não solicitou a assistência ao setor bancário antes para evitar o agravamento do problema, Rajoy alfinetou seus rivais do governo antecessor, liderado pelo socialista José Luis Rodríguez Zapatero: "Pois eu também gostaria de saber o porquê".
Sobre a quantia exata que a Espanha pedirá de ajuda, o premiê respondeu que o valor só será definido após a divulgação das conclusões de dois avaliadores internacionais contratados para analisar a situação dos bancos do país. "(Então) saberemos onde estamos".
O chefe do Executivo espanhol se mostrou otimista ante a oferta de até 100 bilhões de euros pactuada pelo Eurogrupo, ainda que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tenha estimado em 40 bilhões de euros as necessidades dos bancos espanhóis. "Isso nos dá um colchão, nos dá segurança".
Da mesma forma que seu ministro da Economia, Rajoy fez questão de enfatizar que o pacote de ajuda imporá condições apenas aos bancos, o que isenta o governo de aplicar mais cortes de gastos.
E, apesar dos empréstimos, o líder alegou que a medida não irá agravar o déficit público espanhol, que o governo se comprometeu a reduzir dos 8,9% do PIB registrados em 2011 para 5,3% neste ano - a promessa de rebaixar o déficit obrigou o Executivo a realizar duros cortes de gastos públicos em quase todas as áreas.
Neste domingo, Rajoy reiterou que o equilíbrio orçamentário representa uma meta prioritária de seu governo. "No ano passado, gastamos 90 bilhões de euros a mais que o arrecadado no conjunto das administrações públicas. Isso não é sustentável, não se pode viver assim".
A redução do déficit e do desemprego são dois dos grandes eixos de seu governo. O primeiro-ministro argumenta que o pacote de ajuda ao setor bancário ajudará a criar empregos, pois fará com que o crédito volte a fluir para as famílias e as empresas, o que favorecerá a reativação econômica e a criação de emprego.
Rajoy lembrou que já em 19 de dezembro, quando expôs seu programa de governo na sessão de posse como primeiro-ministro, tinha detalhado os passos a seguir: equilíbrio orçamentário; reformas estruturais para flexibilizar e aumentar a competitividade da economia do país; e reestruturação do sistema financeiro.
"Vivemos uma situação muito difícil, mas o governo sabe o que é preciso fazer para sair dela e voltar a crescer e a criar emprego", exclamou o líder.
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), principal da oposição e responsável pelo governo entre 2004 e 2011, ressaltou por sua vez que a ajuda europeia à Espanha significa "um resgate" e "uma má notícia" porque deteriora a imagem do país.
Em entrevista coletiva, o secretário-geral do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba, pediu uma comissão parlamentar que fiscalize o processo de recapitalização dos bancos. EFE