A concretização da privatização da Eletrobras (SA:ELET3), com a oferta de ações concluída na quinta-feira, 9, foi recebida com otimismo por analistas, que acreditam na redução do risco relacionado à empresa do setor elétrico. Assim, a maioria dos bancos e casas de análise projeta uma valorização dos papéis da companhia. Apesar desse alívio pontual para o mercado - após um período de marasmo, a operação movimentou cerca de R$ 33,7 bilhões -, o consenso é de que a operação não deve servir para reanimar o mercado de IPOs (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês), parado desde agosto de 2021.
Em relação à privatização da companhia, um dos primeiros passos esperados por fontes de mercado ouvidas pelo Estadão é a troca de executivos da companhia e também do conselho de administração. Com a redução de sua participação, o governo terá menos assentos no colegiado, abrindo espaço para que fundos de investimento indiquem seus representantes.
A partir dessa mudança, o novo conselho deverá fazer uma mudança geral no quadro administrativo da empresa, incluindo todo o alto escalão.
FÔLEGO
Analistas do setor acreditam que a empresa poderá ter mais fôlego para investir, incluindo em fontes de energia renováveis. "A Eletrobras terá exatamente o mesmo modelo de governança que já foi testado em outras privatizações do setor elétrico na Europa. A disponibilidade de caixa e o uso do mercado de capitais para novas captações vão permitir novos planos de investimento que são essenciais no segmento", aponta Fabio Coelho, presidente da Amec, associação que representa mais de 60 investidores, entre locais e estrangeiros, que têm investimento de mais de R$ 700 bilhões na Bolsa brasileira.
Segundo Coelho, um dos pontos relevantes na "nova Eletrobras" será uma maior agilidade na tomada de decisão. "É importante ressaltar que o governo continuará sendo o maior acionista individual, e que, portanto, terá acesso a maior porcentual dos lucros esperados, justificando, assim, o interesse público na operação", comenta.
EFICIÊNCIA
Sócio do M3BS Advogados e especialista em negócios públicos, Lucas Miglioli afirma que, com a privatização, a Eletrobras deve se tornar mais eficiente. "Tornando sua burocracia mais compatível com a do setor privado, terá mais agilidade para enfrentar um cenário cada vez mais competitivo e ávido por novas tecnologias", disse. "A expectativa é de que, ao deixar de ser controlada pela União, a Eletrobras deixe de atuar como mera operadora e ganhe protagonismo no setor."
Para o público em geral, uma das expectativas é de que a conta de luz fique mais barata, mas pode não ser bem assim. Sócio do PMMF Advogados e especialista em direito público, Ulisses Penachio lembra que apenas parte do novo capital - aquele destinado à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) - poderá gerar alguma redução nas tarifas. "A médio e longo prazo, o impacto da privatização na tarifa tende a ser neutro", aponta.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.