Por Luciano Costa e Marta Nogueira
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) apontou queda de 0,5% da produção de petróleo e LGN no Brasil no segundo trimestre, ante um ano antes, e reduziu sua meta para o ano, em meio à venda de ativos, redução da produção em campos maduros e manutenção em plataformas, apesar de um avanço de 17% nas importantes áreas do pré-sal.
Em seu primeiro relatório de produção e vendas, a petroleira reportou na madrugada desta sexta-feira produção doméstica de 2,052 milhões de barris de petróleo e LGN por dia entre abril e junho. O montante, porém, foi 4,1% superior ao dos três primeiros meses deste ano.
Já a produção total de petróleo, LGN e gás natural somou 2,63 milhões de barris de óleo equivalente/dia (boed), alta de 3,8% ante o primeiro trimestre, mas recuo de 1% na comparação anual.
"Apesar do aumento da produção em relação ao primeiro trimestre, os resultados foram inferiores aos inicialmente previstos", afirmou a estatal, apontando para uma revisão de suas metas de produção.
Com isso, a petroleira, que previu anteriormente aumento de 3,7% na produção total deste ano, agora apontou uma estabilidade ante 2018, a 2,7 milhões de boed, com uma variação de 2,5% para mais ou para menos.
Do lado otimista, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse à Reuters que acredita em um aumento da produção.
"A nossa expectativa é crescer (a produção) neste ano ante ano passado e crescer mais no ano que vem; o pré-sal é nossa grande fonte de crescimento com custo baixo de extração", afirmou o executivo, antes de um evento no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira.
Já a produção de petróleo da companhia, no Brasil e no exterior, deverá atingir 2,1 milhões barris por dia, também com variação de 2,5% para cima ou para baixo.
A Petrobras não havia publicado uma meta de produção de petróleo total, apenas para o Brasil, que era de 2,3 milhões de barris por dia.
As ações preferenciais da empresa operavam em queda de mais de 2% perto das 15h, enquanto o Ibovespa subia 0,18%.
Apesar da revisão da meta, o Goldman Sachs disse em nota a clientes que manteve visão positiva sobre as ações da companhia.
"Embora as notícias de hoje tragam algum risco de queda para nossas estimativas de 2019 devido ao atraso no aumento da produção em algumas plataformas no campo de Búzios, tais atrasos provavelmente não alterarão as perspectivas de produção para 2020 e depois", escreveram os analistas do GS.
QUESTÕES OPERACIONAIS
Apesar da entrada de sete novos sistemas de produção em 2018 e 2019, nos campos de Búzios e Lula, no pré-sal, e Tartaruga Verde, no pós-sal, a Petrobras teve uma produção quase estável ante o ano passado.
Isso deve-se principalmente à venda de 25% do campo de Roncador e dos ativos da Petrobras America, cujo efeito resultou em uma redução de produção de 72 mil boed, às paradas de manutenção e ao declínio de produção dos campos maduros do pós-sal.
A companhia detalhou que as plantas de gás dos novos sistemas de produção de Búzios levaram mais tempo para comissionamento do que nas plataformas do campo de Lula, "devido à sua maior complexidade", o que postergou a entrada de novos poços produtores, resultando em produção em Búzios 180 mil boed abaixo do previsto em junho.
Além disso, houve parada não programada de 14 dias no FPSO Cidade de Mangaratiba, no Campo de Lula, "para correção no sistema de desidratação de gás que impactou em 60 Mboed a produção de junho", explicou a Petrobras.
A empresa ressaltou que a meta revisada para 2019 é suportada pela resolução dos problemas citados, "que já resultaram em melhora operacional em julho", com a produção média voltando ao patamar de 2,7 milhões boed e com as perspectiva de entrada de novos poços em Búzios.
"Vale ressaltar que todos os poços para o ramp-up das novas plataformas já estão perfurados e os recursos necessários (como sondas, barcos de apoio, linhas e equipamentos submarinos) para entrada em operação estão contratados", afirmou.
A Petrobras destacou ainda que a produção operada nos campos do pré-sal atingiu novo recorde mensal de 2,07 milhões de boed, com novo recorde diário de 2,21 milhões boed no final de junho. Os campos do pré-sal foram responsáveis por 57% da produção de óleo no trimestre.
"Esse aumento da representatividade do pré-sal no portfólio está em linha com nossa estratégia de concentrar esforços em ativos que geram maior retorno... A implantação e a boa performance das novas plataformas... são fatores críticos de sucesso para o crescimento da produção dos próximos anos", destacou a companhia.
A Petrobras ainda reiterou a previsão de entrada em produção da plataforma P-68 para 2019 e da unidade P-70 para 2020.
REFINO
Na área de refino, a carga processada atingiu 1,7 milhão de barris por dia, queda de 5,7% ante o mesmo período do ano passado e alta de 2% em relação ao primeiro trimestre.
O aumento ante o primeiro trimestre do ano ocorreu em meio a menos paradas de manutenção, além da maior demanda de derivados no mercado brasileiro, disse a estatal.
As vendas de diesel, combustível mais comercializado no mercado brasileiro, somaram 732 mil barris por dia, alta de 4,9% frente ao primeiro trimestre e de 3,3% na comparação com mesmo trimestre de 2018.
O relatório da Petrobras também trouxe dados de vendas, apontando recuo na comercialização de gasolina no mercado brasileiro tanto na comparação trimestral quanto anual.
A estatal comercializou 367 mil barris por dia de gasolina no segundo trimestre, queda de 4,7% frente ao período entre janeiro e março e de 12,4% na comparação com mesmo trimestre de 2018.
"As vendas no mercado brasileiro no trimestre foram menores que no primeiro devido ao aumento da competitividade do etanol hidratado frente à gasolina, em função do início da safra de cana no centro-sul, que resulta na queda dos preços de etanol, favorecendo seu consumo em alguns estados", disse a empresa.
As importações de gasolina por terceiros se mantiveram em patamar semelhante entre os trimestres fazendo com que o market share se reduzisse de 80,4% para 79,7%.
(Com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)