SÃO PAULO (Reuters) - A proposta da China Three Gorges para a compra da Energias de Portugal (EDP (SA:ENBR3)) está condicionada à não obrigação de a chinesa apresentar uma oferta pública pela unidade da portuguesa no Brasil, a EDP Energias do Brasil, segundo comunicado da elétrica à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), regulador do mercado português.
Na sexta-feira, quando circulavam rumores sobre a proposta da chinesa, confirmada ao final do dia, analistas chegaram a dizer que se o negócio fosse fechado poderia obrigar a CTG a realizar uma oferta para a compra até da totalidade da EDP Brasil.
Uma nota do Itaú BBA a clientes apontou que o caso poderia disparar direito de tag-along a acionistas da EDP Brasil, embora tenha ressaltado que a informação ainda precisava ser checada.
As ações da EDP Brasil fecharam em alta de 15,5 por cento na sexta-feira, embaladas pela notícia sobre o eventual negócio da controladora da companhia com a CTG.
A EDP Brasil possui ativos de geração e transmissão de energia e controla distribuidoras em São Paulo e no Espírito Santo. A CTG também está presente no Brasil, e sua unidade local é uma das maiores geradoras locais.
Uma fusão das operações da CTG Brasil com as da EDP Brasil daria às empresas a liderança no mercado privado de geração no país, com uma distância significativa da atual líder, a francesa Engie.
A EDP Brasil disse em comunicado nesta segunda-feira que sua controladora recebeu oferta da CTG e que "manterá seus acionistas e o mercado em geral devidamente informados sobre eventuais desdobramentos".
Analistas do Morgan Stanley (NYSE:MS) escreveram em relatório nesta segunda-feira que a ação da EDP Brasil deve sofrer alguma correção devido à perspectiva de que não haja uma oferta também pela companhia.
Mas eles apontaram que um negócio com a CTG poderia ter implicações para a EDP Brasil, como mudanças de estratégia, o que poderia "potencialmente destravar valor" para a empresa.
Eles acrescentaram que ainda veem a EDP Brasil negociada abaixo do que seria seu valor justo e colocaram um preço-alvo para os papéis a 17 reais, contra 15,60 reais do fechamento de sexta-feira.
(Por Luciano Costa; reportagem adicional de Paula Arend Laier)