RIO DE JANEIRO (Reuters) - O transporte rodoviário de combustíveis produzidos na Refinaria Gabriel Passos (Regap), da Petrobras (SA:PETR4), na região metropolitana de Belo Horizonte, foi interrompido na madrugada desta segunda-feira por transportadoras que reclamam da falta de demanda por serviços da petroleira, trazendo riscos ao abastecimento de Minas Gerais.
A informação é do presidente do Sindicato das Empresas e Transportadores de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG), Irani Gomes.
De acordo com o sindicalista, cerca de 150 caminhões estão parados na entrada de refinaria, que tem capacidade para processar 150 mil barris de petróleo/dia e abastece grande parte do mercado mineiro. Caminhões tanques são impedidos de entrar ou sair da refinaria.
O protesto ocorre porque, segundo Gomes, a Petrobras teria fechado acordo de transporte com mais de dez transportadoras de combustíveis, há cerca de nove meses, que investiram para atender à petroleira, mas que nunca foram demandadas.
O sindicato argumenta que parte da demanda que antes era feita por caminhões está sendo desviada para uma ferrovia operada pela VLI, que tem a Vale como uma das acionistas, o que levou a Petrobras a nunca acionar as empresas contratadas.
Combustíveis da Regap também são transportados por duto até o terminal ferroviário, o que ameniza riscos relacionados ao abastecimento de combustíveis no Estado.
Se a paralisação durar por cerca de 24 horas, o sindicalista acredita que comece a faltar combustíveis em alguns pontos de Minas Gerais, como postos e aeroportos.
"Enquanto não tiver uma definição, a paralisação fica por tempo indeterminado", frisou Gomes.
Inaugurada em 1968, a Regap produz gasolina, diesel, combustível marítimo, querosone de aviação (QAV), gás liquefeito de petróleo (GLP), dentre outros derivados de petróleo.
O sindicalista afirmou que a categoria está mobilizada para protestar contra a redução da demanda.
Dentre as transportadoras contratadas e não demandadas, segundo Gomes, há empresas com até 200 caminhões, mas também outras com frotas menores.
"(A Petrobras) fez o contrato com as transportadoras, criou uma expectativa, os transportadores investiram, gastaram e, de repente, ela mandou o trabalho todo por ferrovia", afirmou Gomes, explicando que os contratos assinados não traziam garantias aos transportadores.
"O pagamento só é feito se transportar."
As empresas já se reuniram nesta segunda-feira com representantes da Petrobras para discutir a questão e uma nova reunião já está agendada, de acordo com Gomes.
Procurada, a Petrobras não respondeu imediatamente.
(Por Marta Nogueira)