MOSCOU (Reuters) - O presidente Vladimir Putin disse nesta quarta-feira que as autoridades russas trabalharão para desbloquear fertilizantes russos presos em portos europeus e retomar as exportações de amônia por meio de um oleoduto através da Ucrânia.
Em uma reunião com o empresário russo Dmitry Mazepin, que renunciou do controle da produtora de fertilizantes Uralchem-Uralkali depois de ter sido atingido por sanções da UE em março, Putin disse que a Rússia está pronta para aumentar suas exportações de fertilizantes.
"O principal problema provavelmente foi o fato de que muitos fertilizantes estavam congelados nos portos europeus", disse Mazepin na reunião, que foi transmitida pela TV estatal.
Existem 262.000 toneladas de fertilizantes da Uralchem retidas em portos da Estônia, Letônia, Bélgica e Holanda, disse ele. Outros produtores, Acron e Eurochem, têm 52.000 toneladas e quase 100.000 toneladas de seus fertilizantes presos na Europa, respectivamente.
As cargas estão retidas por causa das sanções da UE aos ex-proprietários das empresas, incluindo a Mazepin. A Uralchem disse em 12 de novembro que havia feito um acordo com a Holanda, Estônia e Bélgica para enviar o fertilizante para países africanos gratuitamente.
Putin disse, no entanto, que mesmo essas doações propostas estavam sendo bloqueadas. Ele concordou em pedir ajuda às autoridades russas, dizendo que havia sido contatado por vários líderes africanos sobre o assunto.
"O tempo todo estamos falando sobre a necessidade de ajudar os países mais pobres e em questões completamente alheias à segurança alimentar, esses suprimentos, até mesmo as doações, são bloqueados", disse Putin. "É totalmente inaceitável, mas está acontecendo."
Mazepin também pediu a Putin mais ajuda com a retomada das exportações russas de amônia por meio de um oleoduto que vai da Rússia até o Mar Negro, atravessando a Ucrânia.
A exportação de amônia, usada em fertilizantes, não fazia parte da renovação da semana passada do acordo do Mar Negro que permite embarques de grãos da Ucrânia, embora as Nações Unidas estejam otimistas que a Rússia e a Ucrânia possam chegar a um acordo sobre os termos do oleoduto.
"Esperávamos que, quando houvesse uma continuação do acordo de grãos, que foi feito recentemente, essa questão também fosse resolvida. Mas gostaria de informar a vocês que o lado ucraniano apresenta uma série de questões políticas que estão fora de nossa competência", disse Mazepin.
Putin respondeu: "Também trabalharemos com a ONU, com nossos colegas da organização. Veremos o que acontece."
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse em setembro que só apoiaria a retomada das exportações de amônia via Ucrânia se Moscou devolvesse os prisioneiros de guerra, uma ideia que o Kremlin rejeitou.
(Por Polina Devitt)