Por Marcelo Teixeira
SÃO PAULO (Reuters) - A Raízen, maior produtora de açúcar do mundo, retomará as operações da usina Bom Retiro em meados de 2017, em meio a um cenário de preços futuros da commodity mais altos no mercado global do que estavam em 2015, quando as atividades na unidade foram paralisadas.
A informação é de uma importante fornecedora que participa do projeto, a Vignis, que relatou que as operações na Bom Retiro devem ser retomadas em julho do próximo ano utilizando a chamada cana energia, uma variedade mais produtiva.
A Raízen, joint venture entre Cosan (SA:CSAN3) e a Shell, paralisou as operações da unidade na região de Piracicaba (SP) em meio a problemas com a oferta de cana na área, onde a Raízen opera outras quatro usinas, e os baixos preços do açúcar na época.
A companhia informou nesta quarta-feira que "projetos relativos ao retorno da operação industrial daquela unidade estão em constante análise, mas não há nada concreto até o momento".
Atualmente, os preços do açúcar bruto em Nova York estão oscilando nos maiores níveis desde 2012, com o mercado se preparando para déficits globais do produto.
"Eles vão moer 500 mil toneladas no primeiro ano, aumentando para 1 milhão de toneladas em 2018", afirmou à Reuters o presidente da Vignis, Luis Claudio Rubio.
Quando parou as operações, a unidade tinha capacidade de moagem de cerca de 1,4 milhão de toneladas por ano.
A empresa irá utilizar uma variedade de cana diferente da tradicional no projeto, conhecida como cana energia. Ela é mais fina que a cana-de-açúcar comum, mas pode produzir até o dobro por hectare.
"É um híbrido que estamos desenvolvendo por quase 10 anos. Será a primeira vez que uma usina de açúcar no mundo vai operar com esse tipo de cana", disse Rubio.
O uso da cana energia exige adaptações do maquinário industrial e agrícola da usina, uma vez que possui um formato diferente e mais fibras que a variedade tradicional.
Segundo Rubio, a Raízen pretende usar a unidade Bom Retiro como um projeto piloto para testar a nova variedade, de olho na possibilidade de no futuro ampliar o uso da cana energia para mais unidades em suas 24 usinas no Brasil.