SÃO PAULO (Reuters) -A indústria de máquinas e equipamentos teve queda de 10,5% na receita líquida total em abril em comparação com mesmo período no ano passado, segundo dados divulgados pela associação do setor, Abimaq, nesta quarta-feira.
O desempenho marca o décimo primeiro recuo consecutivo da receita mensal na base de comparação anual.
O consumo aparente de máquinas e equipamentos em abril recuou 7,6% frente a um ano antes, informou a entidade, enquanto o nível de utilização de capacidade instalada da indústria caiu 3,5% no mês passado ante março, para 75,2%.
"O consumo está fraco neste começo de ano" disse o analista de economia e estatística da Abimaq, Leonardo Silva, a jornalistas, atribuindo o cenário, entre outros fatores, à taxa de juros elevada no país.
"Isso dificulta a compra, dificulta os investimentos e acaba diminuindo o consumo de máquinas e equipamentos no Brasil", afirmou, acrescentando que os juros altos também têm impactado a capacidade instalada e o nível dos pedidos em carteira.
A carteira de pedidos da indústria brasileira de máquinas e equipamentos teve alta de 4,7% em abril ante março, para 10,9 semanas, mas um recuo de 5,7% ante o resultado de abril de 2022.
O nível observado de ocupação de capacidade da indústria é o mais baixo desde fevereiro de 2021, quando alcançou 75,3%, disse a entidade.
As vendas externas de máquinas e equipamentos subiram 9,5% em abril contra o mesmo período em 2022, a 982 milhões de dólares, mas recuaram 20,8% sobre março, quando superaram a marca de 1 bilhão de dólares.
O setor vinha de uma desaceleração da queda no mês de março, puxado por exportações, disse a diretora-executiva de economia, estatística e competitividade da Abimaq, Cristina Zanella.
"Esse fator ajudou bastante no aumento das receitas no mês de março", disse Zanella. "No mês de abril, por outro lado, as exportações caíram... então (isso) anulou parte daquele crescimento que teve em março e derrubou as receitas."
As importações atingiram 2 bilhões de dólares em abril, alta de 12,1% na comparação ano a ano, mas queda de 16,9% na base sequencial.
(Por Patricia Vilas Boas, edição Alberto Alerigi Jr.)