A gestão de Jean Paul Prates à frente da Petrobras (BVMF:PETR4) tem sido marcada por embates com ministros do governo federal. No comando da petroleira desde janeiro do ano passado, as críticas do executivo com alas governistas começou logo no 1º semestre de 2023.
O principal adversário de Prates tem sido o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. No início, as críticas eram restritas a aspectos técnicos, como a reinjeção de gás natural nos poços de petróleo da empresa, mas as farpas escalaram ao ponto de Prates reclamar de uma interferência do ministro no Conselho de Administração da petroleira, quando conselheiros governistas vetaram a distribuição de dividendos extraordinários.
Prates x Silveira
- jun.2023 – Silveira e Prates trocaram farpas 6 vezes em 19 dias sobre a reinjeção de gás natural em poços da Petrobras;
- mar.2024 – Silveira disse que Prates escolheu ficar ao lado dos executivos da Petrobras do que com o governo;
- mar.2024 – Prates colocou panos quentes na disputa sobre os dividendos e falou que não houve intervencionismo do governo na decisão, mas não explicou sua decisão de se abster da votação;
- abr.2024 – O ministro de Minas e Energia voltou a dizer que a Petrobras não pode servir só para dar lucro aos acionistas.
Rui Costa
O ministro da Casa Civil nunca criticou o presidente da Petrobras diretamente, mas nos bastidores Rui Costa tem se destacado como um dos integrantes do governo mais insatisfeitos com a gestão de Prates.
Sobre a crise dos dividendos, Costa falou publicamente que é dever do governo “proteger a Petrobras” de excessos financeiros praticados para agradar os acionistas, como, por exemplo, a distribuição dos dividendos extraordinários.
A fala de Costa alfinetou Prates, e fez coro ao sentimento de Silveira sobre uma possível demonstração de que Prates não está totalmente alinhado aos interesses do governo.
Durante a deliberação da proposta sobre os dividendos, Prates decidiu não votar contra a proposta dos diretores que defendia o pagamento aos detentores de papéis da estatal, o que foi visto por algumas alas como uma traição.
Encontro com Lula
Prates está insatisfeito com a falta de respaldo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O executivo quer uma audiência com Lula e uma demonstração pública de apoio à sua gestão. O silêncio do Planalto sobre os ataques a Prates é entendido como um apoio tácito a seus ministros.
Caso não haja uma validação de Lula sobre o comando de Prates na petroleira, existe a possibilidade de um pedido de demissão.