Teresa Bouza.
Washington, 19 abr (EFE).- A assembleia conjunta do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM), que começou nesta sexta-feira em Washington e coincidiu com a cúpula dos ministros de Economia do G20, ressaltou a frágil recuperação econômica mundial.
"A economia global evitou alguns dos grandes riscos e as condições nos mercados financeiros continuam melhorando, mas o crescimento global continua frágil, e o desemprego muito alto em vários países", afirmou o G20 em comunicado emitido no final de sua reunião.
Quem mereceu especial menção no encontro dos órgãos multilaterais e o G20, que reúne hoje e amanhã em Washington mais de 200 ministros de Economia e Finanças e dirigentes de bancos centrais, foi a situação na Europa, onde a recuperação continua sendo lenta.
O FMI prevê que a economia europeia se contraia 0,3% neste ano, após o retrocesso de 0,6% de 2012 e que consiga crescer em 2014, quando se estima uma alta de 1,1%.
"A Europa voltou a ser o foco desta reunião, fundamentalmente por causa do crescimento reduzido", disse hoje o ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos.
E o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, argumentou que a situação na Europa não vai melhorar muito nos próximos anos.
"Ninguém deveria esperar que a Europa consiga elevadas taxas de crescimento nos próximos anos", afirmou Schäuble, que explicou que no caso concreto da Alemanha, principal motor da zona do euro, não é sustentável um crescimento acima de 1,5% nos próximos anos.
O FMI insistiu durante os últimos dias que a recuperação global avança a três velocidades, com os países emergentes à frente, os Estados Unidos em um distante segundo lugar e o Japão e a zona do euro no último vagão.
Essa recuperação desigual foi qualificada nesta semana em Washington como "insuficiente" e "perigosa".
O ministro das Finanças da Índia, P. Chidambaram, expressou hoje sua preocupação sobre as dinâmicas em andamento ao afirmar que "a menos que a Europa regule seus problemas de uma vez e os brotos que vemos nos EUA floresçam e se transformem em plantas e que o Japão cumpra a tarefa quase impossível de reativar sua economia (...) não vejo como os mercados emergentes e em desenvolvimento poderão alcançar taxas de crescimento elevadas".
Em similares termos se expressou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que declarou que "existe o risco de uma crise prolongada, apesar dos esforços do G20 e de outros fóruns internacionais".
Espera-se que o encontro conjunto do FMI e do BM, que termina amanhã em Washington, aborde também o projeto de reforma para dar um maior peso no fundo a potências emergentes como Brasil, China e Índia.
A reforma deveria ter se concretizado em outubro do ano passado, mas permanece estagnada porque o Congresso americano ainda não aprovou uma verba para aumentar de forma definitiva o financiamento americano ao FMI.
O presidente dos EUA, Barack Obama, pediu na semana passada ao Congresso que dê sinal verde à liberação de uma verba de US$ 63 bilhões destinada a um fundo de crise do FMI para aumentar de forma permanente o financiamento dos EUA ao órgão.
O secretário do Tesouro americano, Jack Lew, afirmou durante uma audiência recente no Congresso que os EUA, principal acionista do fundo, têm o interesse de manter sua liderança na instituição financeira multilateral.
"Temos poder de veto no FMI", afirmou Lew, que disse que ser o agente dominante no fundo permite aos EUA ter influência em decisões econômicas que afetam todo o mundo. EFE
tb/id