O executivo Ricardo Knoepfelmacher, conhecido somente como Ricardo K., especialista em reestruturação por trás de uma série de empresas em dificuldades, poderá ficar com 5% da gigante sucroalcooleira Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial), o que vale ao menos R$ 150 milhões, apurou o Estadão. A entrada de Ricardo K. no negócio faz parte da mesma transação que marcará um investimento do todo-poderoso Mubadala, fundo de Abu Dhabi, na empresa. O especialista em reestruturação não faria um desembolso. As ações seriam reflexo do fato de ele ter sido assessor financeiro da companhia.
Uma assembleia ocorrerá hoje após ser convocada pelos bancos credores - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4), Bradesco (BVMF:BBDC4) e Santander (BVMF:SANB11), que darão o aval para a troca de controle para o fundo Mubadala. O atual controlador da empresa, o fundo Lone Star, não teria participado das conversas.
A transação entre os credores bancários e o Mubadala inclui um aporte de R$ 500 milhões na empresa. Com isso, o Mubadala ficaria com 31,5% da Atvos e os bancos, com 60%. O que teria chamado atenção de alguns dos envolvidos, contudo, foi que o acordo prevê a entrada do fundo Agroenergia, dos sócios Ricardo Knoepfelmacher e Giovanni Forace, da RK Partners, com 5%. Já Lone Star e Novonor dividiriam os 3,5% restantes.
HISTÓRICO
Não seria a primeira vez que Ricardo K. seria pago em papéis dos negócios nos quais atua. "Assim existe um alinhamento total com a valorização da empresa", diz uma fonte. O especialista também recebeu em papéis quando trabalhou na recuperação da CAB Ambiental, hoje Iguá Saneamento.
A entrada de um novo controlador era algo já previsto no plano de recuperação judicial da Atvos. É nesse documento que consta que o fundo Agroenergia, que pertenceria aos sócios da RK Partners. Uma fonte destacou que todos os credores, além de Lone Star e Novonor, terão suas fatias diluídas, com exceção do Mubadala.
O fundo americano Lone Star chegou ao controle da Atvos em 2020, quando a empresa já estava em recuperação judicial. No mesmo ano, o fundo havia comprado o controle da Atvos do banco Natixis, que tinha executado as ações que os bancos credores da Odebrecht detinham em alienação fiduciária, por meros R$ 5 milhões.
Conforme fontes, as condições do acordo com o fundo árabe incluem um desconto de mais de R$ 2 bilhões no valor da dívida da Atvos, com um prazo de pagamento do restante em 20 anos e carência de três anos para início dos pagamentos. Procurados, BNDES, BB, Bradesco, Itaú e Santander e Ricardo K. não comentaram. O Mubadala não respondeu até a conclusão desta edição.
O fundo Lone Star disse, em nota, que a "transação proposta ignora a significativa virada operacional e financeira e a criação de valor alcançada sob a forte equipe instalada na Atvos pela Lone Star". "Essa desnecessária transação reduzirá significativamente o valor da dívida da Atvos", frisa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.