SÃO PAULO (Reuters) - A companhia de água do Estado de São Paulo, Sabesp (SA:SBSP3), avalia que o cenário de segurança hídrica paulista melhorou na comparação com 2014, após obras da empresa e redução no consumo, mas não descarta manter em 2016 descontos para consumidores que economizarem e sobretaxas sobre aqueles que gastarem mais.
A empresa anunciou na véspera prejuízo de 580 milhões de reais, pressionada por impacto da desvalorização cambial sobre a dívida.
Em teleconferência com analistas e jornalistas nesta sexta-feira, o diretor financeiro da Sabesp, Rui Affonso, disse que o volume de chuvas até agora neste ano em reservatórios da empresa foi 33 por cento maior que um ano antes e o maior desde 2009.
"Hoje estamos em condições muito melhores que no ano passado do ponto de vista de segurança hídrica em São Paulo", afirmou.
Ele citou que a afluência no exaurido Sistema Cantareira em outubro atingiu 14,8 metros cúbicos por segundo, acima dos 5,2 metros de outubro do ano passado. Em setembro, a afluência no sistema foi de 18,3 metros, ante 9 um ano antes.
Já para o sistema Alto Tietê, que tem ajudado a minimizar a escassez de água no Cantareira, registrou 12 metros cúbicos de afluências em outubro, acima dos 8,2 de um ano antes.
Mas perguntado se a Sabesp vislumbra a possibilidade de reduzir a operação de bombeamento de água das chamadas "reservas técnicas" dos sistemas, Affonso respondeu negativamente. Ele comentou que a empresa já está apurando algumas economias de custos por conta de redução no nível de bombeamento, mas isso ainda não chega a ser relevante para as contas da companhia.
"A melhora da pluviometria serve para recompor reservatórios mais rapidamente. O aumento da segurança hídrica segue sendo prioridade", disse o executivo, acrescentando que a empresa mantém projeção de investir 2,9 bilhões de reais em 2016.
Às 13h17, a ação da Sabesp subia 0,1 por cento, enquanto o Ibovespa exibia desvalorização de 0,95 por cento.
Por sua vez, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, evitou comentar quando a companhia decidirá sobre a eventual manutenção do programa de descontos para consumidores que economizam no consumo e de sobretaxas aos que elevam o gasto, afirmando que a empresa trabalha com múltiplos cenários.
Sobre o nível de endividamento, Affonso afirmou que a empresa não trabalha com a possibilidade de descumprir algum termo de dívida (covenant) com credores no quarto trimestre.
Affonso afirmou que um dos covenants centrais envolve a relação da dívida total sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que no trimestre ficou em 3,54 vezes, abaixo do limite de alguns contratos de 3,65 vezes.
"Não vemos qualquer obstáculo para refinanciar nossas dívidas em 2016", disse o executivo.
(Por Alberto Alerigi Jr.)