Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - O Santander Brasil (SA:SANB11) está voltando sua atenção para o mercado de ensino básico, em um esforço que visa dobrar a atual participação de cerca de 15 por cento do banco no segmento e diversificar investimentos da instituição no setor, atualmente concentrados em educação superior.
"A ideia é estender a oferta para apoiar escolas e chegar a esse público de alunos antes de entrarem nas universidades", disse à Reuters o superintendente executivo da área de negócios e empresas, Alexandre Teixeira.
O movimento vem na esteira de um interesse cada vez maior de investidores no segmento de educação básica, que vem atraindo desde o começo deste ano grandes companhias do setor, incluindo a Kroton Educacional (SA:KROT3), maior grupo de ensino superior privado do país.
De acordo com Teixeira, o Santander vê muito potencial no mercado de educação básica, que reúne mais de 40 mil colégios privados no país e emprega mais de 500 mil pessoas, faturando perto de 70 bilhões de reais por ano. Hoje, o segmento compreende entre 6 e 7 por cento da carteira de 1 milhão de empresas de pequeno e médio portes atendidas pelo Santander.
O banco já mapeou 4 mil escolas para serem abordadas na primeira rodada do projeto. Ainda no piloto, foram visitados 24 colégios e a taxa de conversão chegou a 40 por cento, contou Teixeira.
Entre os destaques do pacote de serviços financeiros para o setor de educação básica, o Santander desenvolveu em conjunto com a GetNet, seu braço de adquirência, uma solução para pagamento de mensalidades via cartão de crédito, com uma tarifa fixa de 2,85 reais por cobrança.
"Já existe o uso de cartão de crédito para pagamento de boletos de cobrança... Mas nesse caso o colégio envia o débito ao cartão dos pais todo mês, assim não compromete todo o limite", explicou o executivo, ressaltando que a opção ainda garante o acúmulo de pontos em programas de recompensa, além de um prazo mais alongado para pagamento.
No caso de boletos, são cobradas tarifas com desconto, que variam de 1,80 a 2,40 reais, dependendo do volume de boletos, disse Teixeira, citando ainda oferta de isenção permanente para convênio de folha de pagamento, consignados com taxas diferenciadas para funcionários e professores e opções de investimento para escolas com caixa.
"Nesse instante ainda não pensamos em financiar mensalidade de ensino básico", afirmou ao ser questionado se o Santander pretendia replicar o que vem fazendo com cursos de medicina, pós-graduação e MBA.
Em ensino superior, além de milhares de bolsas distribuídas todos os anos para cursos no exterior, nacionais ou estágio, o Santander começou a financiar graduação de medicina, a partir do 2º período. A solução foi testada entre março e outubro de 2017, inicialmente com 33 universidades do Estado de São Paulo, e agora está disponível para cerca de 154 instituições privadas.
Em janeiro deste ano, o banco também trouxe aos correntistas a opção de financiamento total ou parcial de cursos de pós-graduação e MBA (lactu sensu e strictu sensu) em todas as áreas de formação, com prazo de até 60 meses.
Mas Teixeira observou que a aposta do Santander em educação não se limita a aspectos financeiros. No caso dos colégios, o banco também dará acesso a ferramentas e cursos gratuitos oferecidos pela Universia, bem como à plataforma de gestão de aprendizagem Canvas, com foco na profissionalização das escolas.