Por Amanda Ferguson e Gabriela Baczynska
LONDRES/BRUXELAS (Reuters) - Negociadores do Reino Unido e da União Europeia estão fazendo progresso sobre a questão da fronteira irlandesa esperam avanço no acordo do Brexit na segunda-feira, disseram diplomatas, embora a Irlanda do Norte, aliada da primeira-ministra do Reino Unido, tenha gerado incertezas ao alertar que pode votar contra ela.
Sob pressão de todos os lados, Theresa May disse a jornalistas em evento em Downing Street que conversas sobre a importante questão da fronteira irlandesa provavelmente irão continuar até novembro, embora ministros do gabinete que se encontraram com May nesta quinta-feira tenham sido citados pelo Financial Times como tendo dito que a questão está perto de ser resolvida.
No entanto, o porta-voz do Brexit do Partido Unionista Democrático (DUP), aliado parlamentar de May, disse que os 10 membros do DUP no Parlamento irão votar contra o orçamento do Reino Unido e considerar um voto de não confiança em May se o governo britânico romper as linhas do DUP em conversas do Brexit.
“Ao quebrar suas promessas, ela vai concordar em separar o Reino Unido”, disse Sammy Wilson.
Perguntada sobre a ameaça, May disse: “O DUP irá fazer o que o DUP irá fazer”.
O DUP se opõe veementemente a quaisquer verificações entre a Irlanda do Norte e solo britânico após o Brexit, programado para março e que será a maior mudança de política comercial e externa do Reino Unido em mais de quatro décadas.
Mas, ao mesmo tempo, nenhum lado quer perturbar paz na ilha da Irlanda ao acabar com a fronteira livre entre a província britânica na região e o Estado irlandês membro da UE. Esta irá se tornar a única fronteira terrestre entre o Reino Unido e o bloco.
O negociador da UE para o Brexit, Michel Barnier, destacou na quarta-feira que – embora o bloco esteja analisando maneiras de realizar verificações em muitos bens longe da fronteira real – animais e produtos de origem animal terão que ser vistoriados na fronteira.
May já disse que quer um comércio “sem fricção” com a UE após o Brexit para ajudar a salvaguardar a economia britânica, enquanto retoma a soberania total. Sua porta-voz disse nesta quinta-feira que Londres irá apresentar mais propostas, que ela descreveu como “aspectos regulatórios”.
Concordar em como manter uma fronteira irlandesa aberta depois do Brexit é o principal obstáculo atual para selar um acordo de divórcio entre a UE e o Reino Unido. Enquanto Londres quer regulamentar isso por meio de um futuro acordo comercial com a UE, o bloco insiste em uma solução emergencial para o caso de a negociação de novas relações demorar mais ou falhar.
Ambas as partes fizeram sinais positivos nos últimos dias, mas também indicaram que ainda não chegaram a um acordo, que definiria os termos do divórcio e incluiria uma declaração da UE afirmando que buscaria os laços mais próximos possíveis com a Grã-Bretanha depois do Brexit.
"Ainda não chegamos lá. Não há avanço - ainda", disse Margaritis Schinas, porta-voz da Comissão Européia da Comissão Européia, em entrevista coletiva na quinta-feira.
Ainda assim, fontes diplomáticas de ambos os lados das conversas disseram à Reuters que "estavam indo bem" e que os negociadores do Brexit reunidos em Bruxelas esta semana estavam "fazendo progressos" especificamente na questão irlandesa.
Eles disseram que o planejamento provisório pode ter um avanço anunciado na segunda-feira, quando os negociadores da UE que representam os líderes nacionais do bloco se reúnem em Bruxelas sem a Grã-Bretanha. O ministro britânico do Brexit, Dominic Raab, também poderia vir a Bruxelas se as conversas de fim de semana avançarem o suficiente.