SÃO PAULO (Reuters) - A presidente do conselho de administração do Magazine Luiza (SA:MGLU3), Luiza Trajano, defendeu nesta terça-feira que empresários do país mantenham por ora o nível de emprego ante a crise disparada pelo coronavírus no Brasil e que os recursos prometidos por governos federal e estaduais cheguem rapidamente à população.
"Estou pedindo para as pessoas terem calma... O governo está propondo medidas, muitas coisas que elas acham que vão ter de pagar no dia 10, não vão precisar", disse Trajano em webconferência organizada pela XP Investimentos.
Para Luiza, "não tem outra forma de sairmos dessa, temos que fazer um trabalho coletivo, e as empresas não devem demitir neste momento e o governo tem que injetar dinheiro neste momento".
A executiva afirmou ainda que as medidas de injeção de recursos na economia tomadas pelo governo federal e por alguns Estados precisam ser executadas rapidamente. "Tem que fazer rápido e aprovar rápido para chegar na ponta, para dar tranquilidade para as pessoas e para que elas possam entrar em outro ciclo."
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira que medidas emergencias destinadas à saúde das pessoas já estão em 200 bilhões de reais e podem subir. Ele comentou ainda que o governo federal deverá injetar na economia nos próximos dois a três meses 800 bilhões de reais.
Segundo Luiza, a crise desencadeada pelo coronavírus é "10% de quando o Collor confiscou a poupança", disse ela em referência à década de 1990, quando o governo do então presidente Fernando Collor confiscou recursos da poupança de milhões de brasileiros em uma polêmica tentativa de controlar a inflação no país.
"As pessoas ainda podiam ir nas lojas. Agora elas devem ficar em casa... Não tem nada nem perto do que estamos vivendo agora. É uma mudança profunda de paradigma", disse a empresária.
A executiva afirmou ainda que o Magazine Luiza lança na noite desta terça-feira um sistema para permitir a venda online de produtos por parte de vendedores da rede e autônomos que estejam em quarentena em casa. Ela não deu detalhes.
Luiza também afirmou que não adianta o comércio reabrir as portas agora, como defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e uma série de setores privados do país.
"Se abrir, não vai ter cliente, porque as pessoas estão morrendo de medo. O que precisamos agora é de um pouco de previsibilidade (sobre o fim da quarentena) a partir de segunda-feira", disse a executiva durante a transmissão da XP. Ela lembrou a posição do presidente-executivo do grupo de varejo, Frederico Trajano, que afirmou que o Magazine Luiza "foi um dos primeiros a fechar (as lojas) e seremos um dos últimos a reabrir".
(Por Alberto Alerigi Jr.)