Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A companhia de alimentos Seara, da JBS (BVMF:JBSS3), está apostando na adoção de alta tecnologia para o segmento de processados no Brasil, com o intuito de ganhar eficiência operacional e levar produtos mais acessíveis ao consumidor, disse uma executiva à Reuters nesta quinta-feira.
A empresa anunciou durante evento o início de operações da primeira unidade considerada 4.0 da Seara, para empanados de frango, em Rolândia (PR), onde já há uma planta frigorífica do grupo, que contou com investimentos de 1 bilhão de reais.
Trata-se do maior aporte da controladora JBS nos negócios da Seara desde que a empresa foi adquirida, em 2013, de sua antiga dona Marfrig (BVMF:MRFG3), potencialmente aumentando a capacidade de concorrer com a rival BRF (BVMF:BRFS3), dona das marcas Sadia e Perdigão.
Segundo a diretora-executiva de negócios de Alimentos Preparados da Seara, Gabriela Pontin, o montante integra um plano de investimentos de 8 bilhões de reais, anunciado no final de 2019, e que deve culminar, dentre outros fatores, na modernização de demais unidades.
"O 4.0 que falamos é quando ela funciona como uma fábrica inteligente... que se coordena de forma inteligente e sozinha, as pessoas estão ali para aferir outras coisas", disse ela.
A nova unidade de Rolândia é a mais automatizada da Seara no Brasil e uma das mais modernas da JBS em todo mundo, contando com robôs em suas esteiras de produção e embalagem, tecnologias integradas à inteligência artificial e armazenamento de dados em nuvem.
Pontin afirmou que estes avanços tecnológicos são uma tendência para a companhia.
"Boa parte dos investimentos que falei (8 bilhões de reais) passam por modernização (nas unidades)", disse ela, ressaltando a possibilidade de "upgrades" nas fábricas atuais.
"Temos outras plantas que não estão sendo construídas do zero, mas partes e anexos dessas plantas sim", completou.
Segundo a executiva, cerca de 3 bilhões a 4 bilhões de reais do plano de investimentos já foram utilizados e a expectativa é concluir os 8 bilhões entre o final de 2024 e o início de 2025.
Questionada sobre o posicionamento da Seara em relação à concorrência --considerando a rivalidade com a Sadia, do grupo BRF--, Pontin disse que "há espaço para todos no mercado", mas a estratégia da Seara é "sair na frente", principalmente, em tecnologia.
"A gente acredita que a tecnologia, (com) a nossa eficiência fabril... possa estar entregando produtos acessíveis para o consumidor", afirmou.
Sobre a escolha de inaugurar uma unidade ao lado do frigorífico, como o caso de Rolândia, a executiva destacou que a medida favorece o fornecimento de matéria-prima e gera redução de custos com transporte, por exemplo.
A operação de Rolândia está dividida em duas etapas, a primeira é focada na produção de empanados. Já a segunda, programada para o segundo semestre de 2023, vai incluir a fabricação de salsichas. A companhia não detalhou qual será a capacidade produtiva da planta.
(Reportagem de Nayara Figueiredo)