Investing.com – Impactada pela queda na demanda após a pandemia de covid e pelo aumento na taxa de juros, após anunciar plano de recuperação extrajudicial para renegociar dívidas não financeiras, a Sequoia Logística e Transportes (BVMF:SEQL3) deve passar por algumas etapas antes de focar no turnaroud e no desenvolvimento das operações, disse Leopoldo Bruggen, CFO da companhia, segundo entrevista concedida ao Investing.com Brasil.
A expectativa é de que o plano seja homologado no final deste ano ou no início de 2025. “Em paralelo, discutimos com a PGFN-Procuradoria Geral da Fazenda Nacional Fisco novos prazos de pagamento entre 60 e 84 meses para a dívida tributária federal, dentro da capacidade de pagamento do grupo econômico. Ao final destas etapas, entendemos que o processo de reestruturação das dívidas estará concluído”, apontou o CFO.
O diretor financeiro disse ainda que serão necessárias medidas para elevar a eficiência e otimização dos negócios, com sinergias entre a Sequoia e Move3, após a fusão no início do ano. A empresa deve priorizar unidades com margens maiores, revisar contratos e acelerar sua atuação.
A Sequoia destaca que entrou com o pedido de recuperação extrajudicial com a mediação com os credores não financeiros já concluída, com adesão de 55% dos credores financeiros. Segundo a empresa, a negociação foi um sucesso e equaciona o restante do passivo, pois todos os acordos estão “amarrados”.
“Ingressamos com o procedimento em condições avançadas e favoráveis para que o pedido de homologação do plano ocorra”, entende Bruggen, que avalia que o desfecho bem-sucedido da reestruturação com credores financeiros e não financeiros deve fomentar avanços sustentáveis na companhia.
O CFO lembra que a Sequoia já havia concluído a reestruturação da dívida com instituições financeiras, com conversão de dívida e alongamento de prazo, o que, segundo ele, tornou a empresa “mais leve em custo e alavancagem financeira”.
Confira a entrevista:
Investing.com – Quais os principais motivos que levaram ao anúncio da recuperação extrajudicial? Por quais razões ela é necessária e qual o desfecho esperado, com que prazo?
Leopoldo Bruggen – É importante explicar que a Sequoia já havia concluído a reestruturação da dívida com bancos e mercado de capitais - os chamados credores financeiros. O processo foi finalizado de forma bem-sucedida, sendo que a administração conseguiu converter em ações R$582 milhões de uma dívida financeira total de R$754 milhões. O restante teve o pagamento alongado para 2027 a 2032. Este foi um passo fundamental que deixou a companhia mais leve em custo e alavancagem financeira. Mas após negociar com bancos e debenturistas, deu-se início ao equacionamento da dívida junto aos credores não financeiros, formada especialmente por saldos em aberto com ex-fornecedores.
Neste sentido, a Recuperação Extrajudicial tornou-se a solução de consenso mais rápida, segura, efetiva e transparente para pagamento dos créditos em aberto em favor de ex-fornecedores no valor aproximado de R$295 milhões. O mais importante é que demos entrada no pedido de homologação com a o processo de mediação concluído, e obtivemos apoio prévio da maioria dos credores que detêm 55% dos créditos em aberto. Assim, ingressamos com o procedimento em condições avançadas e favoráveis para que o pedido de homologação do plano ocorra, com vinculação de 100% dos créditos sujeitos aos termos da proposta.
Inv.com – Quais os principais desafios enfrentados pelo setor de logística e a empresa, de forma específica, desde seu IPO?
Bruggen – A pandemia e o aumento dos juros impuseram desafios significativos ao setor de logística, exigindo resiliência e adaptação. O segmento de entregas/logística, por exemplo, cresceu por uma antecipação de demanda, mas teve queda brutal após esse período. O sistema de financiamento também foi prejudicado pela escassez do mercado de crédito motivado pela crise das Lojas Americanas (BVMF:AMER3).
O aumento das taxas de juros impactou diretamente o custo de financiamento, o que criou uma pressão adicional para as empresas que precisavam investir em novas tecnologias, renovar frotas ou expandir suas operações. A alta dos juros também afetou a demanda, à medida que o custo de crédito subiu, reduzindo o poder de compra de consumidores e empresas.
Inv.com – Quais foram os ganhos de sinergias do Grupo Sequoia e com a Move3?
Bruggen – Um plano para a implementação de sinergias mapeadas está sendo conduzido ao longo de 2024, e prevê uma economia anualizada da ordem de R$104 milhões ao final de todas as iniciativas em andamento.
Inv.com – Como está sendo o processo de integração e quais são os próximos passos?
Bruggen – O desfecho bem-sucedido da reestruturação com credores financeiros e não financeiros impulsiona a Sequoia para avançar, de forma sustentável, em seu processo de Integração com a Move3, reforçando as vantagens competitivas das empresas combinadas e seus resultados consolidados nos próximos trimestres.
Ao final do plano de integração e de incorporação das sinergias e complementaridades mapeadas, a Sequoia/Move3 consolida seu processo de renovação, mais madura e preparada para seguir seu curso de expansão de forma sustentável.
Com uma operação enxuta, pronta para crescer, cumprir seus compromissos e entregar as melhores soluções para gerar oportunidades a toda a sua cadeia produtiva.
Inv.com – O processo de reestruturação da dívida vem sendo bem-sucedido, no entendimento da empresa?
Bruggen – Sim. O desfecho bem-sucedido da reestruturação com credores financeiros e não financeiros impulsiona a Sequoia para avançar, de forma sustentável. E acreditamos no desfecho positivo das negociações das dívidas tributárias tendo em vista a capacidade de pagamento do grupo econômico.
Inv.com – Após a aprovação do plano de recuperação extrajudicial, novas medidas são previstas? Se sim, quais?
Bruggen – Já concluímos o processo de reestruturação da dívida com credores financeiros e agora buscamos a homologação do plano da recuperação extrajudicial com os não financeiros, o que acreditamos ocorrer no final de 2024 ou no início de 2025. Em paralelo, discutimos com a PGFN-Procuradoria Geral da Fazenda Nacional Fisco novos prazos de pagamento entre 60 e 84 meses para a dívida tributária federal, dentro da capacidade de pagamento do grupo econômico. Ao final destas etapas, entendemos que o processo de reestruturação das dívidas estará concluído, podendo dar foco total no turnaround e no desenvolvimento das operações.
Inv.com – Além das medidas de reestruturação com credores, quais ações internas são direcionadas para ganhos de eficiência e otimização da estrutura?
Bruggen – Para isso, as iniciativas em andamento incluem o avanço da integração com otimização das competências entre Sequoia e Move3, a priorização de Unidades de Negócios com maior margem de contribuição e geração de caixa, a revisão de contratos existentes e a aceleração das atividades comerciais.