SÃO PAULO (Reuters) - O faturamento da indústria de máquinas e equipamentos deve recuar 7% em 2024, depois que os números no início do ano vieram abaixo do esperado, informou nesta quarta-feira a associação do setor, Abimaq, acrescentando que a estimativa pode ser revisada devido aos impactos das chuvas no Rio Grande do Sul, segundo maior mercado de máquinas e equipamentos.
De acordo com a entidade, o Estado gaúcho responde por cerca de 20% de toda a produção do setor, atrás apenas de São Paulo, com mais da metade (52%) do seu volume de receita oriunda de máquinas agrícolas, que em 2023 representaram 24% de toda a indústria nacional de máquinas e equipamentos.
A Abimaq já havia anunciado no final de abril expectativa de revisar para baixo seus números para o ano, após encerrar o primeiro trimestre com queda de 21,3% no faturamento. Antes, a entidade esperava crescimento de 3,5% na receita de 2024.
Considerando apenas os negócios feitos no Brasil, a nova projeção é de que a receita líquida do setor caia 8,3% este ano, versus estimativa anterior da entidade de avanço de 5,5%.
No segmento de máquinas agrícolas, a expectativa é de recuo de 15%, mas esse número pode subir para algo em torno de 18%, considerando os efeitos das fortes chuvas no Rio Grande do Sul, disse Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq.
"A gente imaginava um (efeito negativo oriundo da tragédia no RS de) 5% nas vendas... agora, também tem o impacto da reconstrução. A gente não sabe exatamente com qual velocidade o pessoal vai recompor o Rio Grande do Sul, então talvez não seja 5%, seja um pouco menor", afirmou Estevão a jornalistas.
Ele destacou que um número exato ainda não foi calculado e que muito dessa estimativa ainda depende das medidas do governo federal para o Estado, que podem mitigar os impactos negativos.
"Ainda é preliminar, precisaria ver o Plano Safra, como fica, se vai ter mais alguma outra medida do governo especificamente para o Rio Grande do Sul."
A diretora-executiva de economia e estatística da Abimaq, Cristina Zanella, disse que a previsão de baixa para a receita líquida do setor em 2024 veio devido aos dados de início do ano mais fracos do que o previsto.
"Esses números ainda podem ser revisados a partir de quando a gente começar a receber informações do que vem acontecendo propriamente com as empresas do Rio Grande do Sul", afirmou Zanella.
"A gente tem um sentimento do que está acontecendo, mas os números oficiais vão começar a chegar para a gente lá para junho ou julho, que são os dados referentes a maio e junho", disse, acrescentando que a partir de então os números poderão ser "talvez um pouco piores" do que os colocados nesta quarta-feira.
NÚMEROS DE ABRIL
Conforme dados divulgados nesta quarta-feira pela Abimaq, o setor de máquinas e equipamentos teve queda de 20,1% na receita líquida total em abril sobre o mesmo período do ano passado, a 18,47 bilhões de reais.
O consumo aparente de máquinas e equipamentos em abril recuou 13,4% frente a um ano antes, informou a entidade, enquanto o nível de ocupação de capacidade instalada da indústria subiu para 74,9%, terceiro aumento consecutivo, mas ainda abaixo do nível visto no mesmo período do ano anterior.
As exportações do setor subiram 22,7% em abril na comparação anual, a 1,2 bilhão de dólares, ajudando a reduzir a queda acumulada no ano. Já as importações somaram 2,4 bilhões de dólares, alta de 18,8% na mesma base, com destaque para a aquisição de máquinas voltadas para a fabricação de produtos de consumo não duráveis e semiduráveis.
Em abril, a carteira de pedidos da indústria brasileira de máquinas e equipamentos ficou em 9,6 semanas, queda de 12% versus mesmo período do ano passado.
(Reportagem de Patricia Vilas Boas)