(Reuters) -O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, negou nesta sexta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha tratado sobre sucessão na Vale (BVMF:VALE3) e afirmou que o presidente "nunca" se disporia a fazer interferência em uma empresa com capital aberto.
As declarações do ministro ocorrem após a Reuters e diversos veículos terem publicado na última semana que Lula estava buscando meios para que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega assuma o comando da mineradora ou ao menos um cargo no conselho de administração.
"O presidente Lula nunca se disporia a fazer uma interferência direta em uma empresa de capital aberto, listada em bolsa, uma corporation, que tem a sua governança e a sua natureza jurídica que deve ser preservada. Até porque o Brasil é um país que respeita contrato, uma país que tem regulação estável", disse o ministro a jornalistas em Brasília.
Silveira aproveitou para negar que ele mesmo tenha tratado de qualquer indicação à Vale em conversas com os conselheiros da empresa com quem tem contato.
"Eu, em nenhum momento, fiz uma referência de indicação do governo a nenhuma vaga da Vale. Nenhuma. Nenhuma", afirmou.
Pouco antes das declarações do ministro, o jornal Folha de S.Paulo publicou em seu site que Mantega divulgaria uma carta afirmando que abria mão de ocupar cargo na Vale.
CRÍTICAS
Na entrevista coletiva desta sexta, o ministro aproveitou para externar críticas à empresa e disse que Lula limitou-se, nas conversas específicas sobre a Vale, a cobrar que sejam efetivadas as reparações decorrentes dos acidentes envolvendo barragens nas cidades de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais.
"Eu tenho críticas conhecidas e contundentes à gestão da vale", disse Silveira, apontando que a empresa precisa melhorar sua gestão e sua interlocução com o governo e com a sociedade.
Ressaltou, no entanto, que não estava personificando suas críticas.
O ministro afirmou ainda que, em conversas com dirigentes e conselheiros da empresa, tem cobrado que a Vale compartilhe sua logística com outras mineradoras, o que ajudaria a reduzir o volume de carretas nas estradas e poderia dar vida mais longa à malha viária.
(Por Maria Carolina Marcello, em Brasília, e Marta Nogueira, no Rio de JaneiroEdição de Pedro Fonseca)