Por Anthony Boadle
BRASÍLIA (Reuters) - O Estado de Goiás lançou nesta quinta-feira um projeto piloto para aumentar a produtividade agrícola e agir rapidamente contra doenças no setor por meio do uso de tecnologias de quinta geração e equipamentos fornecidos pela chinesa Huawei.
O lançamento do aplicativo de suporte agrícola para os produtores de soja ocorre em um momento em que o governo federal avalia a proibição de equipamentos da Huawei no leilão de frequências 5G para empresas de telecomunicações, previsto para o ano que vem.
As comunicações 5G permitirão aos produtores melhorar o cultivo por meio da coleta de informações por sensores inseridos nos campos e nas colheitadeiras e por drones, para que possam ser prontamente cruzados com dados meteorológicos e de umidade, disse o diretor comercial da Huawei Brasil, Tiago Fontes.
A combinação de comunicações rápidas de banda larga com o processamento de dados em tempo real na nuvem dará aos agricultores, em uma hora, informações que costumavam levar três dias para ser obtidas, para que possam tomar ações rápidas contra doenças e outras ameaças às safras, afirmou ele.
"É a primeira vez que a Huawei está aplicando a tecnologia 5G aqui no Brasil na agroindústria, com drones, banda larga e computação em nuvem para reconhecimento de doenças, pragas e ervas daninhas dentro de um plantio de soja", disse Fontes por telefone.
O piloto foi lançado em uma fazenda da oleaginosa em Rio Verde, e utiliza uma rede 5G construída pela operadora Claro, uma unidade da mexicana América Móvil.
Representantes da Huawei preferiram não comentar uma notícia publicada nesta quinta-feira que afirmava que as regras elaboradas para o leilão de frequências 5G, no primeiro semestre de 2021, não excluem a chinesa.
O jornal Folha de S.Paulo publicou nesta quinta, citando fontes do governo, que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) propôs regras que não excluem a Huawei.
O presidente Jair Bolsonaro teria de tomar qualquer decisão relativa a um possível banimento da Huawei. O governo tem enfrentado pressão da administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para excluir a Huawei por preocupações de segurança.
Empresas de telecomunicações do Brasil, como a Claro, se opõem a uma proibição, pois já utilizam equipamentos da Huawei.