Money Times - Em sua carta mensal para investidores, a renomada gestora de recursos SPX chama a atenção para a articulação do novo governo de Jair Bolsonaro e os seus possíveis efeitos sobre a agenda de reformas. De acordo com a análise, está sendo proposto um novo modelo de relacionamento com o Congresso, distanciando-se do presidencialismo de coalizão, que foi a regra nas últimas décadas no Brasil.
“Estamos, assim, navegando em território desconhecido em termos de operação política – como um exemplo apenas, podemos citar a tentativa de obter maiorias por meio de bancadas temáticas no Congresso, cujo sucesso parece duvidoso. Esta dificuldade política é exacerbada quando notamos que, apesar da renovação ocorrida no Congresso, a representação das corporações tornou-se mais acentuada e sua composição ideológica não se tornou mais reformista”, destaca a SPX.
O documento ressalta, contudo, que o mercado está correto ao dar o benefício da dúvida que as boas ideias do novo superministro da economia, Paulo Guedes, encontrarão eco dentro da heterogênea equipe de governo. Caso um percentual razoável da agenda reformista proposta seja executado, teremos uma relevante diminuição do tamanho do Estado e a correção da trajetória da dívida pública do país, aponta a avaliação.
“Isto levará a um cenário de crescimento sustentável no longo prazo, para além da retomada cíclica esperada por nos encontrarmos em uma situação de baixa utilização dos fatores de produção. Contudo, esperamos relevantes dificuldades de implementação”, afirma a SPX.
Alocação
A SPX, em juros, encerrou a alocação tomada na parte curta da curva, por entender que ela perdeu sentido. “Estamos aguardando sinais mais concretos da equipe do presidente Jair Bolsonaro para fazer alocações direcionais”, diz. Nos juros internacionais, as alocações continuam tomadas na parte intermediária da curva dos Estados Unidos e da Zona do Euro.
Em ações, na parte internacional, a gestora está com posições compradas em empresas do setor de óleo europeu e pares de empresas do setor bancário europeu e americano que se beneficiam da piora na classe de emergentes, além de uma alocação direcional comprada na bolsa americana. “Em relação à bolsa brasileira, estamos com alocações compradas, com destaque para empresas de commodities e nos bancos”, concluem.
Por Money Times