Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - A Loft, especializada na compra e revenda de apartamentos de médio padrão em grandes metrópoles, está criando um marketplace de serviços de reforma de imóveis, numa iniciativa para acelerar as receitas no mercado imobiliário em recuperação no país.
A medida permitirá à startup ampliar seu raio de ação. Desde que foi criada, em agosto de 2018, a Loft usa recursos próprios para comprar apartamentos, reformá-los e depois revendê-los, modelo por meio do qual já transacionou cerca de mil imóveis.
Com o marketplace, anunciantes podem revender os imóveis direto para terceiros por meio do portal, com a startup promovendo melhorias por encomenda dos compradores.
O novo serviço permite já na saída que a Loft amplie o raio geográfico de atuação, de 24 para 37 bairros, do centro expandido da capital paulista, seu mais importante mercado. A ideia é expandir o serviço para as demais cidades onde atua, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, nos próximos meses. Assim como no negócio original, nesta modalidade a Loft também oferece um ano de garantia para a reforma.
Com o iniciativa, a startup busca uma forma de ampliar a monetização de sua rede, que interliga corretores, engenheiros, arquitetos e um batalhão de 8 mil profissionais incluindo pedreiros, pintores e outros, oferecendo a um público mais abrangente os serviços de reforma e acabamento a custos menores e de forma mais ágil.
É um primeiro salto após ter comprado a também startup de reformas Decorati, em novembro.
Neste primeiro bimestre de 2020, ainda funcionando em fase de testes, a modalidade já respondeu por 39 vendas de apartamentos, quase metade das unidades comercializadas. E à medida que chega a mais áreas, o valor médio por imóvel negociado, hoje em torno de 1,5 milhão de reais, vai caindo gradualmente para apartamentos de até 300 mil reais, enquanto o negócio ganha escala, disse o co-presidente da Loft Mate Pencz.
"Agora vamos poder explorar melhor nossas vantagens de ter uma estrutura verticalizada", disse à Reuters Pencz, de origem húngara, que fundou a Loft com o alemão Florian Hagenbuch.
Criada com a objetivo de dar solução rápida para transações caras e demoradas de compra e venda de imóveis, a Loft rapidamente atraiu a atenção do mercado. Em janeiro, após receber um aporte de investidores incluindo Thrive Capital, QED e Monashees, tornou-se o mais recente exemplar brasileiro de unicórnio, startups avaliadas em ao menos 1 bilhão de dólares.
Além dos serviços de corretagem e de reforma de imóveis, a startup também vem deslanchando um braço financeiro, por meio do qual antecipa de 30% a 50% do valor do imóvel a vendedores, uma variedade do chamado home equity, num arranjo com os bancos Itaú Unibanco e Santander Brasil (SA:SANB11).
O avanço da Loft vem na esteira dos sucessivos sinais de recuperação do mercado imobiliário do país, após anos de severa queda num país em recessão. Agora, com o juro básico na mínima histórica de 4,25% ao ano, diversas construtoras estão indo ao mercado de capitais para buscar recursos para financiar projetos de crescimento.
Para Pencz, ainda há inúmeras oportunidades de oferta de serviços ligados ao mercado imobiliário que serão exploradas pela Loft, a partir de sua plataforma tecnológica. Num dos indicativos do que pode estar por vir, a Loft comprou no início do mês a startup de pesquisas de mercado Spry.