SÃO PAULO (Reuters) - A Suzano Papel e Celulose está investindo 30 milhões de reais para iniciar a produção de celulose tipo fluff, usada em fraldas e absorventes, com a meta de fabricar 100 mil toneladas anuais do insumo a partir de dezembro, anunciou nesta quarta-feira, após divulgar seus números do quarto trimestre.
O presidente-executivo da companhia, Walter Schalka, disse que o investimento está sendo feito em uma máquina flex em sua unidade na cidade de Suzano (SP), de modo que a empresa deve reduzir a produção de papel para imprimir e escrever com o objetivo de produzir o novo tipo de celulose.
As vendas de papel da companhia recuaram 1,4 por cento no quarto trimestre frente ao mesmo período do ano anterior, e a demanda nacional por papéis em 2014 ficou estável na comparação com 2013.
Segunda maior fabricante mundial de celulose de eucalipto, a Suzano pretende produzir a celulose tipo fluff a partir da celulose fibra curta, que já fabrica em suas unidades, em vez da tradicional fibra longa.
"Fizemos muitos testes e estamos absolutamente seguros de que o mercado vai absorver esse volume com tranquilidade, pois estamos desenvolvendo maiores percentuais de reposição (pelo mercado) de fibra longa por fibra curta e tem tido excelente qualidade", disse Schalka a jornalistas.
O executivo declarou que atualmente não existe produção de fluff no mercado nacional, mas a produtora de papéis rival Klabin também pretende produzir celulose desse tipo em novo projeto no Paraná, o Projeto Puma, com início previsto para março de 2016.
A Suzano anunciou ainda nesta quarta-feira que fechou um grande contrato de aquisição de madeira para a compra de 8 milhões de metros cúbicos da matéria-prima de 2015 a 2024.
AUMENTOS DE PREÇO
Após ter seu resultado do quarto trimestre favorecido pelo aumento dos preços da celulose em reais, a Suzano confirmou nesta quarta que anunciou um aumento de preços da celulose a clientes nos Estados Unidos na sexta-feira.
A elevação ocorre depois de a Suzano ter implementado totalmente um aumento de preços iniciado em outubro no país. Na Europa, porém, o aumento do fim do ano passado tem enfrentado resistência de grandes empresas, disse Schalka.
"Estamos acompanhando os mercados da Europa e da China (...) Não vejo nas próximas semanas um aumento nesses mercados", acrescentou.
Sobre a crise hídrica que atinge a região Sudeste do país, o executivo disse que a Suzano vem arcando com gastos para tratamento d'água, cuja qualidade, segundo ele, piorou. O impacto nos custos não é significativo, disse Schalka, tendo sido verificado no terceiro e principalmente no quarto trimestre.
A Suzano aumentou o prejuízo no quarto trimestre para 197 milhões de reais, afetada pelo efeito da depreciação do real em sua dívida denominada em dólar, enquanto teve lucro operacional ajustado recorde com aumentos de preços e das vendas de celulose.
(Por Priscila Jordão; Edição de Luciana Bruno)